segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Uma estrada sinuosa pelo campo, com morros alegres, vento na cara e um conversível legal. Árvores compridas, nuvens compridas e bois de 7 metros de altura, de pé e com rostos de moais, cortejando vacas do tamanho de elefantes. Tudo era maneirista, estranhamente harmônico, até você chegar a um quarto escuro e ouvir a voz. Fantasmagórica, ela ecoa na sua cabeça, fala coisas doidas, a ponto de você questionar por que só você ouve o que você ouve e ninguém mais. Mas ela está lá, e você consegue prendê-la numa conchinha feita com as mãos, do mesmo que se prende o ar respirado por um astro para vendê-lo no eBay, do mesmo jeito que a menina do comercial de celular prende sorrisos na palma da mão e os espalha na rua.

Mas nada de feliz tinha naquela voz que invadia seus ouvidos. Arrastada, velha e arranhada. Dava medo, dava pena. A voz que não era sua, mas não saía de dentro de você.

conversa de msn drumônica

clau diz:
Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.


clau diz:
Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vem cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

clau diz:
Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja.

clau diz:
o último verso é o melhor

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Yo voy casarme en Madagascar
Porque a mi me gustan las fiestas en la playa
Sé que no hay solamente playas en la isla de Madagascar
Pero creo que és un lugar exotico e increíble para casarme
No sé se mi novia vá a gustar de esa idea
Ella puede desear mucho más casarse en una iglesia
Entonces podríamos casarnos en una iglesia
Sin enbargo, hay que ser en una iglesia en Madagascar
Porqué yo yá he visto una casa para vivirmos allá
Es una casa hermosa en la isla de Madagascar

vicky, cristina e, pra sempre, Maria Elena

Vicky Cristina Barcelona é o retrato estereotipado de como somos todos personagens pré-moldados e repetitivos quando estamos apaixonados - e, por isso mesmo, o melhor do filme é o poeta que não perdoa a humanidade por não ter aprendido a amar até hoje.

domingo, 7 de dezembro de 2008

dor

letal é conviver com a dor da incerteza. Todas as outras dores são transcendentais. É ecdise, troca de pele. O resto é resto, é pó, é nada.

Dois mil e nove é o ano da colheita. E o verão está só começando.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um gato tem sete vidas. Fidel tem 700

Um gato tem sete vidas. Fidel tem 700

Droga alucinógena, amante, sorvete envenenado, charuto explosivo. No auge da Guerra Fria, nos anos 60 e 70, os Estados Unidos tentaram – ou pelo menos cogitaram – matar Fidel Castro centenas de vezes. Falharam em todas.

FELIPE VAN DEURSEN

A Casa Branca vivia dias de satisfação naquele 17 de março de 1960. O presidente Dwight Eisenhower sentia-se empolgado com a fácil vitória que seu vice, Richard Nixon, conseguira na semana anterior nas primárias de New Hampshire – uma das etapas da gincana eleitoral que escolhe o presidente americano. Às 14h30, os dois se reuniram com o diretor da CIA, Allen Dulles, e o diretor de operações encobertas da agência, Richard Bissell. Os agentes vieram apresentar um plano para se livrar do líder cubano Fidel Castro sem que as forças americanas precisassem invadir a ilha. A idéia era criar uma forte oposição no país, que incluía uma rádio clandestina para irradiar antipropaganda, e treinar um grupo de 60 exilados no Panamá que se infiltrariam em Cuba com armas e munição fornecidas pela CIA. “Fidel cairá em seis a oito meses”, prometeu Bissell. A eleição estava marcada para dali a sete meses e meio, portanto derrubar Castro nesse tempo seria crucial para eleger Nixon e manter os republicanos no poder. “Não há plano melhor”, decretou Eisenhower. Mas ele fez uma ressalva: “eu nunca soube de nada.”

O plano fracassou. Nixon perdeu a eleição para John Kennedy, que também desejava se livrar de Fidel Castro. Exatos 13 meses após a reunião com Eisenhower, outra idéia mirabolante da Central de Inteligência Americana, aprovada por JFK, foi um fiasco: a invasão da baía dos Porcos. “Mesmo se tivesse dado certo, Cuba não ficaria livre de conflitos”, diz Brian Latell, ex-analista da CIA e um dos maiores especialistas do mundo em Cuba. “Um governo pró-americano substituiria Fidel Castro, mas ele talvez organizaria uma nova revolução na Sierra Maestra ou em outro país.”

Porém, a derrota na baía dos Porcos foi apenas a mais famosa tentativa da CIA em tentar derrubar Fidel Castro. Houve uma série de outros planos, alguns dignos de um roteiro rejeitado dos filmes do agente abobalhado Austin Powers. Fabian Escalante, ex-“anjo da guarda” de Fidel, responsável pela segurança pessoal de “El Comandante”, explicitou no título de seu livro o número exato de atentados falhos: 638 Ways to Kill Castro (“638 maneiras de matar Castro”, inédito em português). “Parece exagero ou invenção, mas o número inclui desde comentários e idéias até planos em fase de execução”, afirma Claudia Furiati, autora de Fidel Castro – Uma Biografia Consentida. Todos eles falharam. Fidel Castro só deixou o poder em 2006, por motivos de saúde. Dez presidentes americanos passaram por ele.

CHARUTO EXPLOSIVO

Na reunião, Nixon já estava a par de algumas das ações na ilha. Duas semanas antes, Allen Dulles leu um relatório de sete páginas ao vice-presidente, que mencionava guerra econômica, sabotagem e uma droga que ao ser colocada na comida de Fidel faria com que ele se portasse de maneira irracional em público. Desde dezembro de 1959, a CIA já planejava derrubar Fidel Castro. Entretanto, a intenção de matá-lo, quando surgia, era deixada de lado. Acabar com a reputação de Fidel, sem a necessidade de qualquer invasão, era prioridade. Pelo menos até o verão. Entre agosto de 1960 e abril de 1961, Bissell negociou diversos planos com a máfia para eliminar Castro, enquanto agentes cubanos acompanhavam de perto os passos dos exilados em Miami que mostravam interesse em participar das ações clandestinas sendo planejadas.

Desde que tomou posse, em 1961, John Kennedy deu especial atenção às intenções da CIA de eliminar Castro. Em março de 1961, Bissell apresentou a idéia de invadir três praias na baía dos Porcos, enquanto o braço mafioso da operação deu ao cubano Tony Varona alguns milhares de dólares e pílulas envenenadas. O veneno foi passado a um barman de Havana, que deveria depositá-lo no cone do sorvete, ou no milkshake, de Fidel. No entanto, os agentes cubanos localizaram as pastilhas se desfazendo, congeladas no freezer, porque o atendente não conseguiu desgrudá-las da parede. Outras idéias excêntricas surgiriam com o moral baixo da agência desde a derrota humilhante na baía dos Porcos, em abril.

Em novembro, Kennedy criou o Grupo Especial Ampliado, chefiado por seu irmão Robert. O comitê teria uma única missão: eliminar Fidel Castro. “A CIA estava tão ocupada em conduzir ações que ela falhou em ver em Cuba uma ameaça crescente à segurança dos Estados Unidos”, escreveu o jornalista americano Tim Weiner em Legado das Cinzas – Uma História da CIA. O novo diretor da agência, John McCone, que assumiu o cargo naquele mês, não sabia dos planos arquitetados por seu antecessor, Dulles, e Bissell. Ele alertou o presidente que somente uma guerra, secreta ou não, derrubaria Castro – e que a CIA não estava pronta para bancar essa guerra. McCone ainda disse que a agência não poderia servir como um modelo de agentes desenvolvidos para derrubarem governos e assassinar chefes de Estado. Kennedy ouviu, mas não contou nada a McCone. Os planos deveriam seguir adiante. Uma força-tarefa com 600 oficiais da CIA e quase 5 mil mercenários, além de uma marinha com submarinos, lanchas de patrulha e aviões que usaria a base americana de Guantánamo, em Cuba, seria criada e idéias nefastas, como explodir um navio americano em Cuba para justificar uma nova invasão, surgiram tanto no Pentágono como na Casa Branca.

A operação, que ganhou o codinome Mongoose, tinha 32 planos, entre sabotagem e ações de inteligência. Alguns deles um tanto bizarros, que chegaram a ser postos em ação. O notório hábito de Fidel de fumar charutos chamou a atenção da agência, que se prontificou a encomendar um habano que explodisse na cara dele. O charuto nunca chegou perto de Castro. Uma toxina o estragou, e o plano foi posto de lado. O mergulho, outro hobby do “comandante”, também foi cogitado. A idéia era achar uma concha grande o suficiente para esconder explosivos e pintá-la com cores chamativas, a fim de atrair Fidel em seus mergulhos na costa cubana. Outro plano citava uma roupa de mergulho preparada especialmente para ele, infestada com um fungo que lhe causaria uma doença de pele crônica. Em outra ocasião, uma antiga amante foi contratada pela CIA para acabar com o líder cubano. No entanto, as pílulas de veneno dadas a ela derreteram no pote de creme de rosto, e passá-lo na cara barbuda de Fidel não era boa idéia. O homem, a essa altura, já tinha percebido que se tratava de outro plano para eliminá-lo, então decidiu provocar, dando a própria arma à mulher. “Não posso fazer isso, Fidel”, respondeu. A indefectível barba do comandante também foi alvo: para minar a imagem dele, pretendia-se contaminar os sapatos de Castro com tálio radioativo, substância que a agência acreditava fazer os pêlos caírem. Outra idéia, no mínimo hilária, consistia em pulverizar no estúdio onde Fidel faria um discurso à nação um spray alucinógeno, que o faria “viajar” em rede nacional. Em abril de 1962, nova tentativa, agora envolvendo a máfia. O gângster John Rosselli recebeu em Miami uma leva de pílulas envenenadas com bactérias, para serem postas no chá ou no café de Fidel ou ainda em seu lenço de mão. Nada deu certo. Certa vez, uma cápsula da CIA foi abandonada porque ela simplesmente se recusava em se desintegrar na água.

O senador Robert Kennedy ficou enfurecido ao saber dos planos. Não porque pretendiam matar Fidel, mas por envolver mafiosos, de quem ele era notório inimigo. Os atentados fracassados envolviam também franco-atiradores. Um colega de juventude pretendia atirar em Castro durante o dia, no meio da rua. Outro foi pego pelos seguranças na Universidade de Havana. Embora nenhum dos planos tivesse dado certo (muitos, afinal, nem saíram do papel), a constante ameaça mudou a vida do líder cubano. Se no começo da vida pública ele andava sozinho, depois foram necessários seguranças e até dublês. Castro mudou de endereço mais de 20 vezes ao longo dos anos.

Em 1963, a CIA convocou Rolando Cubela, o agente mais bem posicionado dentro do governo cubano, que, além disso, detestava Castro. Para definir os passos do atentado, ele se reuniu com os mandantes em Helsinque, Finlândia, Porto Alegre e Paris, onde Cubela encomendou um rifle com mira telescópica. A agência prometeu a arma que ele quisesse para exterminar Fidel de uma vez. Entretanto, a História deu uma guinada em novembro daquele ano. No dia 22, enquanto Cubela recebia uma caneta envenenada para matar Fidel, o jovem de 24 anos Lee Harvey Oswald traumatizou toda uma nação ao eliminar John Kennedy durante um desfile em carro aberto, em Dallas.

Quem assumiu a Casa Branca foi o vice, Lyndon Johnson, que não sabia dos planos da CIA de acabar com Fidel. “Poucas pessoas sabiam”, escreveu Tim Weiner. “Fidel Castro entre elas.” Em 1967, o FBI, polícia federal americana, entregou um relatório a Johnson que confirmava: a CIA tentou matar Fidel Castro, contratou a máfia para isso e Robert Kennedy, por ser procurador-geral da República na época, estava a par de tudo. Dentre as várias especulações acerca da morte de Kennedy, uma delas fica clara numa declaração do presidente: “Kennedy estava tentando pegar Castro, mas Castro o pegou primeiro.”


Texto original de matéria publicada no Especial 50 Anos da Revolução Cubana, de Aventuras na História

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Coen, de novo

Queime Depois de Ler mostra como o ser humano é ridículo ao criar inimigos imaginários: a paranóia macarthista de ontem e a demência do silicone de hoje são tão patéticos e anacrônicos como a CIA no século 21 ou uma academia de ginástica em 1963.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Cook de volta

Verão 09 chegando, clipe novo e CD novo do Fatboy Slim pra acompanhar, com David Byrne, Dizzee Rascal e mais uma rapeize. Bem sacado, barato e divertido:


THE BPA - TOE JAM FEAT. DAVID BYRNE & DIZZEE RASCAL

terça-feira, 18 de novembro de 2008

antes da crise

Queima de estoque

“Meu filho, este ano você não vai ganhar bicicleta, nem nenhum presente. Estamos sem dinheiro e Papai Noel não existe.” Jayme Wright Jr., meu avô, tinha 5 anos quando escutou isso de sua mãe no Natal de 1931. A situação econômica mudou no ano anterior, quando a família teve que vender jóias, dispensar empregados e comer marmita no almoço. A “vida faustosa” ficou apertada numa casa geminada em Santos, onde meu trisavô, João Francisco Wright, trabalhava como exportador de café, principal produto da economia brasileira.

O Museu do Café, em Santos, guarda informações sobre as firmas de café do início do século. A S.A. Casa Michaelsen Wright tinha, em 1919, capital de mil contos de réis. Antes da Primeira Guerra, a casa exportava 1 milhão de sacas por ano. Durante o conflito, entre 1914 e 1918, o número caiu para 400 mil/ano.

O crack de 1929 atingiu duramente quem trabalhava com o tal “ouro verde”, já que os Estados Unidos eram nossos maiores consumidores e, quebrados, não tinham mais dinheiro para o café, que representava mais de 70% das nossas exportações. Mas o problema era anterior à crise. Desde o fim do século 19, o Brasil já enfrentava a superprodução, que diminuía o valor do café por conta da oferta exagerada, sendo obrigado a estocar safras inteiras a fim de segurar os preços. O país chegou a produzir sozinho toda a demanda mundial de cerca de 22 milhões de sacas. A partir de 1925, as queimadas se tornaram comuns. Meu avô se lembra de ver aquilo no horizonte, sem entender direito o que era.

“É triste, mas é história. Olhar esta foto, para mim, é como ter um registro da queda da Bastilha”, compara, sem medo de exagerar, o arquiteto Aníbal de Almeida Fernandes, cujos avós também sofreram com a crise do café. Aristocratas da elite cafeeira de Vassouras, interior do Rio, Joaquim Rodrigues de Almeida e Bernardina Arantes de Almeida foram obrigados a se mudar para a fazenda Baguary, na então inóspita Araraquara, em São Paulo, em 1890, época em que o estado despontava como o maior produtor. Após viver a decadência de Vassouras, Joaquim ficou muito abalado com a crise do café desencadeada em 1929. Luxos como encomendar vestidos de Paris e porcelanas de Maastricht viraram passado na Baguary.

Joaquim morreu melancólico em 1937 e, no ano seguinte, a família se desfez da propriedade. Meu trisavô precisou se desfazer da fazenda, em Guarantã, vendeu carros, casa e pagou suas dívidas. Em 1933, sozinho no escritório, deixou uma carta para a família e buscou um fim para seu tormento em um tiro no próprio peito.



Trecho da reportagem "Tragédia em Wall Street", Aventuras na História - Julho 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Lya, se afogue na pia

Acho que se fosse para vomitar ao ver alguém, eu poria tudo para fora se encontrasse Lya Luft. A coluna dela na Veja do Obama foi das coisas mais ignorantes, recalcadas, toscas e frustradas que li na vida. Vou beber uma caipirinha por todos os milhões de infelizes leitores dessa senhora. Oficializar a caipirinha não quer dizer "vamos ensinar os brasileiros a fazer o drinque", mas simplesmente proteger comercial e culturalmente a única receita de bar nacional com projeção internacional na selvageria lá do lado de fora.

Velha boçal.

Vomitei.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

cansei de ser hype

E mendigar, quem diria, também virou arte

terça-feira, 4 de novembro de 2008

conversas de sala de espera

_ Olha só isso, disse o sujeito vestido como corretor imobiliário
_ Pff, fez o outro, desprezando com sua cara de comerciante árabe. _E tem gente que acredita que o homem veio mesmo do macaco. Se o homem veio do macaco, de onde vieram os macacos de hoje?

lost in thailand

1)Sawyer dá um golpe de Estado e toma uma ilha inteira da Tailândia para ele.
(..)
Explicação do eu-terapeuta: passar o fim-de-semana vendo Lost e escrevendo sobre a crise política em Bangcoc dá nisso.

2)Belarus é um emaranhado de ctrl+C e ctrl+V que domina e enlouquece na noite da última floresta virgem da Europa.
Explicação do eu-terapeuta: use menos janelas no trabalho. Coloque Polônia (e a floresta na fronteira com Belarus) na lista de lugares a conhecer

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

pau no mundo

Os 10 assuntos mais insuportáveis do ano, por mim mesmo, que sou humilde e não assino, mas, depois que s. avisa, dou o linque

terça-feira, 28 de outubro de 2008

sonho bizarro do Fred

Ultimamente, quando dormi sóbrio, que não foram muitas vezes, andei sonhando com musicais na Broadway, cobrança de chefe, reencontros com ex-sogras [é], Nova York, chutes em leitões flutuantes e sei lá mais o quê. Mas nada como ser o astro do sonho de um amigo...

"No meu sonho, Felipe V Deursen era premiado, por sua matéira onde achava a ossada do Dr. Livingstone na África. Aí, eu viajava até a África para o prêmio e lá rolava uma cerimônia tradicional africana, onde eu, Felipe e Gabba carregávamos um caixão com a ossada do pesquisador. Celso Miranda e Marcos Nogueira estavam presentes na cerimônia ritualística. No final, a matéria renderia uma série de infográficos para a História e Felipe seria contratado pela Editora Abril"
***

"eu vou a qualquer lugar, desde que seja em frente"
Livingstone

Da série "scraps que não queria apagar"

Suelen:

desculpe nao deu pra te ligar ta uma correria hoje. ta ai o site que te disse que limpou o nome do meu primo sem precisar pagar as contas.

www. cpflimpo. org


boa sorte com o financiamento da parati. me liga viu? bjus!!!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

1000 coisas pra te irritar antes de morrer

Agradecendo as colaborações:

146 - corretor imobiliário
147 - papinho de corretor imobiliário
148 - traje de corretor imobiliário (se for jeca, irrita, se for elegante, pior ainda)
149 - Quem só usa celular no viva-voz
150 - Quem não sabe o que são fones de ouvidos
151 - Quem não sabe o que são fones de ouvidos e acha que ainda está fritando na rave
152 - Gordinhos com dedos engordurados na praça de alimentação
153 - Praça de alimentação no fim de semana
154 - Praça de alimentação por todo o sempre
155 - Atendentes contraproducentes
156 - Quem não retorna ligação
157 - Quem retorna ligação mesmo para aqueles que não conhece
158 - Homens que não ligam e dão desculpa (essa é pras meninas)
159 - Mulheres que enrolam só para não te deixar partir
160 - Quem não lê
161 - Quem só lê Esportes
162 - Faixa de pedestres ocupada por veículos
163 - trabalho inacabado
164 - pedestre que atravessa devagar no sinal amarelo
165 - condicionador de ar desregulado
166 - goteira
167 - poeira
168 - chulé
169 - albergues sujos
170 - gente espaçosa
171 - cerveja brasileira quente
172 - caipirinha aguada
173 - Garçom que pergunta se a caipirinha é com vodca
174 - Atendente de loja hype
175 - Hype que acha que "todo mundo escuta isso"
176 - metaleiros discutindo o maior guitarrista de todos os tempos
177 - pisar no cocô
180 - vontade de ir no banheiro
181 - fila em banheiro de balada
182 - banheiro químico
183 - banheiro de ônibus
184 - banheiro de avião
185 - Qualquer banheiro que não o seu
186 - jornal e revista que soltam tinta
187 - CD riscado
188 - DVD que não lê
189 - dia de cabelo ruim
190 - computador lerdo
191 - computador que trava
192 - quem desfila com o crachá
193 - limite de cartão estourado
194 - panfleteiro de banco de crédito
195 - Garoto-propaganda de supermercado chique
196 - Hare Krishna que chega pondo a mão no ombro
197 - Moscas insistentes
198 - Vegans
199 - banalização das comidas de soja
200 - Catupiry em qualquer tipo de pizza
201 - Chinelo Rider
202 - churrascaria com rodízio de comida japonesa

* se repeti algum, por favor avise

sábado, 18 de outubro de 2008

Ah, e agora, neste momento, eu gostaria de dormir. Oito horas seguidas de sono é a melhor coisa que um homem pode querer.

Cedilha prevails

Duas semanas de loucura, não importa em qual hemisfério. Ecdise na grama do Central Park. Cheiro de vidanova no outono distante.

Dois meses e 7 mil quilômetros depois, redenção a caminho. Saber esperar é o que importa. Mais 70 dias e salvamos o ano. Ouié.

Sabe, é bom voltar a dizer "eu consigo tudo o que quero".

E modéstia às favas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

brasileiro

My bedroom powers are legendary.
My lovemaking technique is sensual, athletic, rhytmic, segundo o KY

Rá, então tá.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

não tem jeito

Se o atendente coloca Enya para você ouvir no telefone, a espera será enorme.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

a pergunta mais legal do formulário do visto

Pretende entrar nos Estados Unidos para praticar violações no controle de exportação, ou atividades subversivas ou terroristas, ou qualquer outra atividade ilegal? É membro ou representante de alguma organização terrorista atualmente designada pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos? Alguma vez participou de perseguições sob a orientação do Governo Nazista da Alemanha, ou participou de genocídio?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

"veja bem, tudo se explica na sua infância"

O sujeito freqüenta psicóloga durante um ano, deixa o consultório achando que não serviu para nada e segue seu rumo feliz. Quase 20 anos depois, reencontra aquela que ouviu as queixas, lamúrias e desentendimentos dele com o mundo. Irreconhecível, aos trapos, dependente química, vivendo nas ruas à custa de esmola.

Passada a pena, concluiu o concluído aos 7 anos, quando sabia de tudo. Terapia é placebo com gosto de tofu.

Em São Paulo caminho é sempre bom

Ensaio sobre a Cegueira tem um pouco mais de emoção do que um comercial de banco - mas o fato de não ser uma adaptação tosca vale o ingresso.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

1000 coisas pra te irritar antes de morrer

132 - Alarme de carro disparado
133 - Alarme de carro/moto que dispara "Atenção: este veículo está sendo roubado..."
134 - Alarme de moto que dispara "Atenção: este veículo está sendo roubado..." e na verdade ela está parada, quieta e estacionada.
135 - fã-clube
136 - fã-clube de banda/artista medíocre
137 - blogueiros que se acham maiores que o mundo
138 - comunidades supersegmentadas como "Adoro pizza" ou "Eu tenho branco do olho"
139 - cozinha com chão grudento
140 - Armário com portas abertas
141 - Caneta sem tampa
142 - Bueiro entupido
143 - Quem reclama de enchente depois de entupir o bueiro
144 - Privada entupida
145 - Quem entope privada e não resolve o problema

sábado, 13 de setembro de 2008

finalmente um spam vírus personalizado para mim

Seu filha da puta! E assim que você agradece depois de tudo que fizemos por você? Dessa vez confiou demais nas suas amizades, li tudo que você escreveu no MSN e ate a minha mãe ficou indignada. Jamais acreditamos que você poderia fazer isso comigo, só te aviso uma coisa, sua sacanagem vai ter troco! Nem que seja na delegacia, lê as suas porcarias ai em baixo pra você ver o quanto você não presta. Clique aqui para baixar a conversa


Recebido mais de uma vez no hotmail.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Era uma caixa cheia e plena, guardada por Rapunzel no alto de sua torre intransponível. Dom Quixote, por 10 anos, tentou em vão tirar da bela algo mais do que um olhar singelo e complacente. Fracassou, era sua sina. Ao desistir da missão que havia imposto a si mesmo, dom Quixote descobriu, para sua frustração, que nada mais havia na caixa de cristal.

Virou as costas para Rapunzel, retomou seu caminho de cavaleiro errante e ela se transformou num caracol. Nunca mais foi vista. Dom Quixote foi tomado por pena pela solitária princesa, mas o horizonte voltou a lhe sorrir. Fez a coisa certa.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

morte

Uma hora, alguns dos seus melhores amigos cumprem o trato e se matam atirando-se em um buraco negro a partir de um orelhão. Você sobrevive porque desiste quando os vê sumindo no vazio. No outro dia, ao esmurrar a cabeça de alguém no asfalto, um pouco antes de ela virar uma massa disforme de carne e sangue, percebe-se que se trata do seu próprio irmão. Logo depois, um palhaço tenta te eletrocular cum uma pena de ganso no lago que foi palco de momentos faustosos nas férias da infância que não volta.

Nada como estar de bem com a vida para ter sonhos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

no estranho mundo do silicone

"Agora, querida, você pode abrir as pernas e se apoiar nas cadeiras?"

A primeira vez que a gente fala isso a trabalho para uma garota é inesquecível. Assim que se cria cara de pau de repórter. E de diretor de pornô.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

mexe com quem tá quieto

















Nada como deixar um cubano louco. Agora agüenta

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

1000 coisas pra te irritar antes de morrer

101 - mulher que não sabe o que quer
102 - mulher com amigos afetados, enrustidos e maliciosos
103 - mulher que se faz de sonsa
104 - medo irracional (de lagartixa, gelo ou folhas, por exemplo)
105 - começar tudo de novo
106 - dedicar-se a fazer uma lista de 1000 itens e checar se não está repetindo nada
107 - baixa umidade do ar
108 - ano sem feriado
109 - locuções esportivas (especialmente em grandes eventos)
110 - bunda flácida
111 - vernissages pedantes
112 - flor de plástico
113 - natureza morta em decoração moribunda
114 - cabelo ensebado
115 - bebidas longe da temperatura ideal
116 - calçadas lotadas
117 - universitário querendo mudar o mundo
118 - passeatas e manifestações antiqualquer coisa
119 - viciados em frescobol
120 - exaltação do carioca way of life
121 - papinho Osklen de vida sustentável
122 - mulher de chove-não-molha
123 - românticas cachorras
124 - cachorras românticas (quando ficam carentes)
125 - homem contando vantagem
126 - piada sem graça do chefe (e você tem que rir)
127 - Outono sem tardes douradas
128 - Primavera sem manhãs aquecidas
129 - Inverno que dura só uma semana
130 - Verão na fila do supermercado, na fila do pedágio, na fila do bar...
131 - quem não olha no olho

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

o tapa de giovana

Parti para mais uma pergunta cretina, para deixá-la sem joelhos e o que recebo? Um belo tapa na cara.

Acordo com a minha mão esbofeteando o rosto, logo acima dos pontos da cirurgia no dente. Giovanna Antonelli, que eu nem tive o incomensurável prazer de entrevistar, me estapeou só porque eu tenho dificuldade em dormir com dois braços.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

brasa

Eu não sou atleta, eu não ligo para a Nike (e já a odiei). Pois é, não é dos dias mais equilibrados e, talvez por isso mesmo, o vídeo ajuda a levantar do travesseiro.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

olímpicas

O Brasil está nesse momento em 38º lugar no quadro de medalhas, o que é uma classificação muito boa. Estamos atrás de potências como Armênia, Vietnã, Mongólia, Quirguistão, Cazaquistão, Argélia, Zimbábue, Tailândia, Eslováquia, Azerbaijão e Geórgia.

domingo, 10 de agosto de 2008

enquanto isso

Eu sou o cara mais sortudo do mundo. Mas é bom dar um tempo no abuso. Durmo aliviado por não ter tomado um tiro hoje de manhã - que era o que eu merecia.

Quer saber por quê? Me paga uma breja. Mas não deixa eu exagerar.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

putz

Não vou negar que sempre quis ser reconhecido por alguma espécie de jornalismo que eu pratico desde os 16 anos - qualquer uma. E, antes de virar o repórter etílico que tanto quero ser, preciso ouvir, no meio da festa da VIP, de uma garota que sairá na seção Namorada do Leitor, a seguinte declaração:

"Ah, você é o Felipe? Poxa, fiquei esperando você me ligar pra entrevistar e fazer aquelas perguntas tipo 'qual meu molho preferido de McDonald's' ou 'o que quero que seja encontrado em Marte'! Adoro suas entrevistas."

Jornalismo verdade é isso aqui, ó

romântico

O sujeito, alto, forte, negro, bonitão, tipo o Seu Jorge sem o verniz do Pão de Açúcar, estaciona a moto, tira o capacete cheio de adesivos de rádio e liga o aparelho:

PIII_PIII--RRRii_PII
"Liguei pra dizer bom dia"
PITUU_
"OH, gostoso, bom dia pra você também"
PITUU_


Todos num raio de 5 metros ouviram. Quem diria que o rádio do Nextel também pode criar bonitos momentos?

terça-feira, 29 de julho de 2008

o tamanho do efe

Diga mais "foda-se" ao longo do dia. Especialmente se for direcionado àquilo que é menor que o essencial. O que é essencial? O que entra na fórmula ULÇA

segunda-feira, 28 de julho de 2008

1000 coisas pra irritar... 4

66)Motoboy correndo
67)Motorista buzinando quando o...
68)Trânsito está parado e não vai adiantar nada
69)crítico de música
70)Trabalhar. Ponto.
71)Bêbado que abraça e fala cuspindo
Agradecimentos às memórias de um perdedor

72) O Sistema
73) "O Sistema caiu, senhor."
74) Fumantes na rua
75) Fumantes mal-educados em locais fechados *
76) Spam
77) Pop-up
78) Correntes de imeio que me condenam ao inferno se não repassar a 146 pessoas
77) Arquivos de power point que mandam por imeio
78) Miguxês
79) Garotas grudentas
80) Garotas cheias de historinha
81) Gordas de biquíni
82) Companhias aéreas (quase todas)
83) Empresas de ônibus (todas)
84) Fã de Los Hermanos
85) Microondas que só esquenta a borda da comida
86) Conversa de academia
87) Calor no inverno
88) Calor no trabalho, na aula, no trânsito
89) Calor em qualquer lugar longe de praia ou piscina
90) Diálogos profissionais, de ambiente de trabalho, em novela
91) Mesa redonda
92) Catupiry em tudo que é comida
93) Picuinhas bairristas
94) Grupos de turismo
95) Neoclássico
96) Especulação imobiliária
97) Propaganda de apartamento
98) Papinho esotérico
99) Auto-ajuda, é óbvio
100) Gente sem troco

* Fumantes amigos meus em locais fechados, quando estamos bebendo juntos, são legais pacas.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

depois da greve dos correios

Acabo de receber, numa incoerente embalagem de plástico grosso e papel reciclado, meu novo cartão de crédito internacional. Junto dele, o minicard, que eu uso nas baladas com minha minicarteira fazendo minihangloose com meus amigos minicerebrados.

Pela primeira vez, o minicard que o banco me dá é sóbrio, sem curvas, sem firulas.

É, sou adulto.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

iconoclasta

Um dia qhe chego mais cedo e o que as reprises da Warner me mostram? Charlie Harper e Joey Tribianni apaixonados.

Deus, o que está havendo?

sábado, 19 de julho de 2008

why so serious

O Cavaleiro das Trevas é um retrato louco e inacabado da década P2P: pólvora, paranóia, poder - o arrasa-quarteirão do ano, fácil.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

pele de pêssego

Seis anos na selva, trancafiada por guerrilheiros sanguinários, sem saber se sobreviveria ao dia seguinte, à hora seguinte, e o que Ingrid ganha? Só ficar a cara da Chiquinha do Chaves (hoje).

Isso que é saúde...
















Em 2002...






















...e em 2008, no dia em que foi libertada: alegre e jovial com mais um milagre.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

um emoticon para a Lei Seca

coco/
para vê-lo, peça para mim no MSN Messenger, o comunicador instantâneo que já tem mais de 30 milhões de cadastros no Brasil!


Vida longa à vida a pé.


E, se o site de História está sendo "reformulado", os blogs não apagam as idéias. A história da Lei Seca mais famosa, a americana, aqui

1000 coisas pra te irritar antes de morrer

25 - pernilongo
26 - pernilongo à noite
27 - pernilongo barulhento à noite (agradecendo à Deursen da van)
28 - marketing
29 - números mentirosos de marketing
30 - profissionais preguiçosos de marketing
31 - jornalistas que falam de jornalistas, andam com jornalistas e bebem como jornalistas
32 - atendimento eletrônico por telefone
33 - conta atrasada
34 - segurança de balada
35 - modelo e atriz
36 - café fraco
37 - poeira nos móveis
38 - fumaça de caminhão
39 - escapamento estourado
40 - carro tunado
41 - dono de carro tunado
42 - estudante de medicina
43 - sambista pode crer
44 - patricinha de forró
45 - tranceira
46 - efeminados cheirados
47 - papo de maconheiro
48 - filosofia de bêbado
49 - ditadura da chapinha
50 - bota de astronauta
51 - barraca de camelô
52 - sanduíche mal montado
53 - desconhecido que insiste em puxar papo
54 - parada em viagem de ônibus
55 - check-in
56 - matrícula em academia
57 - cheiro de cloro na piscina
58 - cheiro de xampu vagabundo
59 - politicamente correto
60 - telemarketing é café-com-leite
61 - Domingo na Globo idem
62 - Ressaca moral também
63 - Trabalhar com sono
64 - Trabalhar no feriado
65 - Sonhar com trabalho

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Wall-E

Wall-E é o mais fofinho, mais menininha, mais sem malícia e mais politicamente correto impossível filme da Pixar.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

1000 coisas pra te irritar antes de morrer

12 - frieira
13 - fio dental
14 - olheiras
15 - chiado de rádio
16 - chuvisco de TV
17 - internet lerda
18 - cerveja choca
19 - motorista que não dá seta
20 - motorista em cima de faixa de trânsito
21 - motorista de táxi (quando você não está nele)
22 - motorista de táxi (quando ele fala muito)
23 - ônibus (quando você não está nele)
24 - ônibus

terça-feira, 1 de julho de 2008

1000 coisas pra te irritar antes de morrer

1 - Quem lava calçada
2 - Quem usa elevador pra descer um andar
3 - Quem está no 1º andar e chama o elevador pra descer e, ao ver o Mesmo (aquele ser que habita o elevador) lotado, não entra
4 - Nextel
5 - Conversas no rádio do Nextel
6 - Barra da calça arrastando no chão
7 - Telefone de madrugada
8 - Fone com mau contato
9 - Risadas estridentes
10 - Quem fala alto
11 - Insônia

sexta-feira, 27 de junho de 2008

terremoto lunar

Pati e Dani estavam na rampa da garagem, que perfila o terreno da casa, disposta no alto de um pequeno morro na Casa da Lua. O que a Pati estava fazendo lá, não estava na Alemanha? E o que eu tenho a falar pra ela? Bem, não tinha mais ninguém conhecido na festa, só você e o Bernardo, que não me viam - ou não queriam. Passei três vezes na frente de vocês, nada. Ele estava triste, tinha acabado de enterrar a mãe. Você estava triste. E eu, idem. Mas vocês se entenderam. Você, que era Marissa, e Bernardo. Beijaram-se lindamente e um sorriso torto saiu da cara de bobo dele.

Sorte a de vocês. Deixaram a casa um minuto antes de um terremoto inédito pô-la abaixo. Perdi vários amigos para os escombros, e senti falta deles, embora não tenham me dado bola a noite toda. Sozinho, sobre as pedras disformes, permaneci. Sozinho.

[e pelo visto ecoamos juntos no Sonhar]

Enter: Sandman

quinta-feira, 26 de junho de 2008

porcos tristes

Legal. Fui fazer um teste mandado pela Sabrina em que tinha que desenhar um porco e, à medida que respondia as perguntas, sempre relativizava os tamanhos. Pô, orelha grande pra um porco? Ou orelha grande em relação à minha? Ou ao desenho. Aí o desenho falou de mim:
- Sou realista, direto, gosto de bancar o advogado do diabo, não temo ou evito discussões, puro, emotivo, inseguro (ou passando por uma fase de transição). Além disso, sou um bom ouvinte e minha vida sexual é uma merda.

Quer desenhar seu porco e saber desse animal quem é você? Vaza

terça-feira, 24 de junho de 2008

coincidências

De pé no ônibus escuto o novo do Serj Tankian, vocal do System of a Down, banda mundialmente conhecida como Sistema Feudal. Ao meu lado, o clone do cara, claro que com algumas licenças poéticas, já que ele era baiano e não semi-armênio. Mas era quase igual, apenas mais, sei lá, apresentável.



















Depois escuto "Mamma I'm Coming Home" chegando em casa. É, o shuffle do iPod faz coisas incríveis antes de você quase ser assaltado. Já escutei "Tora-Tora" em frente a uma serralheria, "Roots Bloody Roots" no meio do mato, "Scar Tissue" na restinga... (tá, nessas vezes eu nem cheguei perto de quase ser assaltado)

Em tempo: por melhores que sejam as músicas, por que fazer a mesma coisa que já faz, apenas com um nome diferente?

domingo, 22 de junho de 2008

prólogo

“Quando é o próximo feriado?”, perguntou o Marcelo, já receoso. “Só em novembro”, respondi. “Ah, mas em setembro tem o aniversário da cidade”, interceptou o gordo.
“É?”
“Sim, Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova, lembra? Era o cabeçalho da Gazeta.”
Dez anos e eles ainda lembram. Vamos ao começo de tudo.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

eu sempre quis morar...

... no Jardim Bizarro. Só não sabia que ele existia. Fica em Jundiaí e jorra sangue da torneira. Tive que ler e reler três vezes, com a Bohemia quente na mão, pra acreditar que não era notícia de 1º de abril. Bizaaaarro!!

E isso me faz lembrar que tenho uma história pra contar. Outra dia começo.

terça-feira, 17 de junho de 2008

vaso oco

"Assim, até McCain deve ter dito para si mesmo: 'Eu poderia ser presidente. Poderia ser um presidente muito melhor que George Bush jamais sonhou em ser. Ao passo que, se eu apoiar Kerry e este perder, eu também estou perdido - vou ser uma ovelha negra para o meu próprio partido. E, se Kerry vencer, serei um vice-presidente sem força alguma, durante o mandato inteiro. Por outro lado, se eu apoiar Bush e ele vencer, daqui a quatro anos eu serei a opção mais lógica como candidato republicano. Na verdade, quer Bush ganhe ou perca, sou eu quem tem as maiores chances de ser o candidato republicano em 2008'. "
(...)
Sim, McCain poderia decidir: 'Tenho de cerrar os dentes e agüentar firme, e trabalhar para um homem que eu realmente desprezo. Mas é necessário. A América precisa disso'. No momento em que um político diz para si mesmo: 'A América precisa disso", ele pode pode mudar a direção do vento nos corredores do seu próprio cérebro."

Norman Mailer, em conversa-entrevista com seu filho John Buffalo Mailer na época das eleições americanas de 2004. Publicado em O Grande Vazio

sexta-feira, 13 de junho de 2008

não foi dessa vez

Quinta, 12 de junho de 2008, 11h46 Atualizada às 11h47
O mundo vai acabar hoje, diz líder de seita nos EUA

O mundo vai acabar na noite desta quinta-feira, de acordo com o líder da seita americana The House of Yahweh, um grupo que pratica a poligamia e insiste para que todos troquem seus nomes para Hawkins. Segundo Yisrayl Hawkins, um holocausto nuclear começará neste dia 12 de junho.

De acordo com o site Metro, os procedimentos para se tornar um membro da seita são simples: ir até o Estado americano do Texas, trocar o nome para Hawkins, concordar com as regras de culto e casar com Yisrayl. Se você for homem, não é necessário casar com o líder, apenas concordar com ele.

Quem acredita na seita ignora o fato de que Yisrayl Hawkins já fez várias previsões para o fim do mundo antes. Ao responder críticas direcionadas a sua seita maluca, o senhor Hawkins diz que "não controla a mente dos membros como um bruxo, como todos falam, apenas tem alguns poderes sobre eles".

* *

Para o Rodolfo, que mandou essa praga congelada, ainda temos sol, céu e George Foreman Grill. E isso nos basta.


"Isso nos basta." Essa frase ainda ecoa, por outros motivos. Mas vida está aí e o mundo ainda não acabou. Só por isso, queria abraçar uma nuvem.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

a verdadeira face do mito cangaceiro

Essa bem que poderia ser a mais nova chamada de capa de Aventuras na História. Bem, não sei como PH (ai, essa coisa se siglas jornalísticas...) irá escrever, mas a imagem de capa já está pronta.

Finalmente reconheceram meu talento artístico de modelo fotográfico. E viva o Nordeste!

terça-feira, 3 de junho de 2008

eu volto, me espera. Güenta aí que tá fogo...

sábado, 17 de maio de 2008

longe

Peguei no Cala a Boca, Bárbara, que pegou do Credencial Tosca. Gravar fita era diversão para mim entre os 13 e os 18. Colava as faixas, sincronizava batidas, me esforçava pra deixar a audição fluida, candente, começando com agitadas, relaxando o ritmo até o clímax. Um DJ pra mim mesmo. Do mesmo jeito que as Copas do Mundo de futebol de botão dos 8 aos 10. Todas as nações do Almanaque Abril no meu campo de madeirite com botões acrílicos de times paulistas e cariocas. Eu contra eu mesmo. É, me dava bem sozinho.

[pratiquefica]
Fui-me.




quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Sleep now in the Fire" é a melhor música do Rage Against the Machine.

Não gostou? Xinga

ex vazio

" 'É como um balão. Estava tudo dentro dele, perfeito, coeso. Mas de repente começou a esvaziar, perder sentido.'

É."

quarta-feira, 7 de maio de 2008

o mundo é muito maior que São Paulo

Mas às vezes isso não é tão bom assim. No Ceará, 800 terremotos desde janeiro

Mesmo assim, o mundo pode caber dentro do Brasil. Afinal, cada país tem o Fritzl que merece
Ou dois

top 5 melhores shows da minha vida

Já se vão mais de 10 anos desde fiz minha primeira "balada", véspera de uma prova de História em que tirei a melhor nota da sala pela primeira vez em anos (aí eu descobri que cerveja faz bem pra tudo, mas isso é outro assunto). Foi um show dos Titãs, acústico, no Teatro da Aman, o auto-proclamado "um dos melhores palcos do interior do Brasil". Depois disso, foi um vendaval de cada coisa...

Ivete Sangalo, Kiss, Rio Negro & Solimões, Yamandú Costa, Daniel, Supla, Velhas Virgens, Eric Clapton, Negritude Jr. Sepultura, Zezé di Camargo & Luciano, Franz Ferdinand, Kelly Key, TV on the Radio, Felipe Dylon, Zeca Pagodinho, The Killers, Charlie Brown Jr., O Rappa, CPM 22, Skazi, Yeah Yeah Yeahs, Korn, Void, DJ Marlboro, Ozzy Osbourne, Hellacopters, Bartucada, Winton Marsalis, Rammstein, Björk, Basement Jaxx, Silverchair, Capital Inicial, Radio 4, Arctic Monkeys, Rapazzola, Babado Novo, Black Label Society, Crystal Method, Fábio Jr...

É, crescer no interior e querer ter muitos amigos dá nisso.

Mas os cinco melhores foram estes:

5 | Prodigy, Skol Beats SP, maio 2006: Sorte. Enquanto um arrastão triturava pessoas, bolsas, sapatos e tudo mais para tentar ver de perto as aberrações cyberpunks, eu estava ali, numa boa, dentro de uma bolha de vácuo de gente, com espaço de sobra para dançar, pular e berrar. Soco no coração, devidamente em ritmo superacelerado.

4 | Deep Purple, Pacaembu, setembro 2003: Um bizarro show de rock pesado em estádio com cadeiras e lugares marcados. Não deu outra, chuva de cadeiras e pancadaria. Depois de algumas patéticas rodinhas de socos falsos e pontapés no ar (sério, roda de metaleiro é o Telecatch da vida social), resolvi ver o show pra valer. De pé, em cima das cadeiras, na mesma altura do Ian Gillan, que quase não desafinou e comandou um espetáculo memorável com Perfect Strangers e Smoke on the Water.

3 | Red Hot Chili Peppers, Pacaembu, outubro 2002: Calor, muvuca, Flea plantando bananeira e um show afinado, diferente do que eu tinha visto no Rock in Rio. De tirar o fôlego.

2 | Daft Punk, Tim Festival SP, outubro 2006: Banda - ou, no caso, dupra - boa tem que surpreender ao vivo. Nem era fã, mas depois de experimentar, sóbrio, a melhor viagem de luzes estroboscópicas, cores primárias, animações primais, graves poderosos, robóticos refrões e todo o carisma de dois esquisitos capacetes pretos, eu tive até que comprar CD (a maior prova de fã pra quem foi educado com o Naspter entre uma lição de Química e outra). E o melhor: show de grátis.

1 | Pearl Jam, Pacaembu, dezembro 2005 (o segundo show) : show bom não acontece só na arena. É preciso um contexto. E eu tinha. Livre da faculdade, TCC bunito, Timão campeão brasileiro, aprovado no Curso Abril. E um baita show com um Eddie Vedder bêbado se esforçando no português, set list nota 9,5 e clima de ano novo natalino.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

teorias da conspiração

Acredite em qual você quiser. Algumas estão aqui.
O mundo já acabou e esqueceram de apertar o botão do Apocalipse.









Ulça está longe.

domingo, 4 de maio de 2008

muito melhor que pular 7 ondinhas

Era uma farta ceia de Ano Novo. À mesa de 38 lugares, deliciamo-nos com cordeiros macios, geléias e mostardas de todas cores e odores, patos, javalis e também folhas exóticas da América do Sul, ameixas, abacaxis, mangas, framboesas, maçãs e melões, codornas recheadas, massas lombardas, trufas, dúzias de queijos e lingüiças, cervejas trapistas e as melhores cepas da décadas pintando de tinto nossos sorrisos.

Era o último dia do ano, precisava aproveitar. Comi e bebi tudo. Ao amanhecer do primeiro Sol (O SOL!!!), ébrio como um bode torto, fiz da boca torneira e da areia, bueiro. Era um novo homem. Todas as falhas, decepções, frustrações e tragédias do ano que morria espalhavam-se pelo chão com o indefectível cheiro de bile, frutas amassadas e carne mal digerida.

Vomitar me fez um bem danado. Feliz ano novo. Recomecemos.

Guaecá verão 2000. Wrightshestershire, Réveillon 1855

sábado, 3 de maio de 2008

anotações de um feriado produtivo

"A maior fortuna que um homem pode ter é dominar o inimigo, roubar suas riquezas, montar seus cavalos e desfrutar suas mulheres."
Genghis Khan e a boa vida mongol do século XIII

"Outubro é um mês especialmente perigoso para especular em ações. Os outros são julho, janeiro, setembro, abril, novembro, maio, março, junho, dezembro, agosto e fevereiro."
Mark Twain e o cassino da bolsa de valores

"A noite dissimula as manchas e é indulgente com todas as imperfeições; nestas horas qualquer mulher parece bela."
Ovídio e suas dicas quentes para uma balada em Roma há 1950 anos

Mais frases legais em Memórias de um Perdedor

sexta-feira, 2 de maio de 2008

i am iron man

Homem de Ferro é a vingança do geek que fica rico, tem bom gosto e se dá bem, mas que estava traçando alguma capa da Maxim quando deveria ter visto Senhor das Armas para entender o óbvio de seu trabalho.

Em tempo, porque tinha esquecido: Juno é uma indie pentelha que consegue dar uma bela lição em muito idiota por aí - e a trilha é das boas.

notas do apocalipse

Homem é encontrado morto em bueiro
Um rapaz foi encontrado morto numa fossa da rua Japão, no Itaim Bibi, hoje pela manhã. O porteiro de um condomínio de classe média alta encontrou o corpo de Romualdo Cervantes, 25 anos. Ele já tinha sinais de decomposição. A perícia precisou de 13 minutos para diagnosticar a morte de Romualdo, que aconteceu há uma semana. "Ele caminhava pela rua, algo praticamente inexistente aqui há quase 10 anos. Pisou no bueiro da calçada, cuja tampa estava enferrujada pela falta de manutenção, caiu e bateu a cabeça", declarou o legista Wilson Arroba.

"Como não existem mais pedestres em São Paulo, as calçadas estão abandonadas, e tropeços como esse podem voltar a acontecer", declarou o Secretário de Obras Públicas Tiago Xis, que lembrou a campanha de conscientização da Prefeitura, que alerta os paulistanos que não andam de carro, preferindo meios mais perigosos de locomoção.

São Paulo, maio 2012

quarta-feira, 30 de abril de 2008

banho é bom, banho é muito bom. Agora acabou!

Ensaboar-se com Dove é tão gostoso que dá vontade de morder. Toda aquela propaganda, sabonete leitoso, pele macia de ló, cheiro de manhã saudável. Hmmmm, poderiam inventar um chuveiro de Dove.

terça-feira, 29 de abril de 2008

quando o sentimento nada sente o sentido nada nada nada

segunda-feira, 28 de abril de 2008

niili

fé na humanidade a gente começa a perder dentro de casa.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

fim do mundo

O padre caiu no mar e causou o terremoto! Podem ir lá buscar o maluco! E manda o Cabrini cobrir o caso. Melhor que isso só a declaração do instrutor de vôo: "Depois dessa, fiquei menos católico".

E a Hillary tá cada vez mais igual à Marta. Relaxa e goza que agora o Obama Mandela vai pedir pra sair. O povo não consegue viajar de avião? Relaxa e goza. A Hillary vai explodir o Irã? Relaxa e goza, paga pra ver.

Mas pode relaxar mesmo. O Kassab garantiu que não vai tremer de novo. São Paulo, não ele.

Podia pelo menos destruir aquele eco egípcioditatorialtransamazônicoíconedabolhaespeculativaimobiliária chamado ponte estaiada. É isso mesmo? Feio pra diabo, só a Vejinha pra gostar. Cada cidade tem a ponte que merece.

tremores

o terremoto está dentro da nossa cabeça. E quando você acha que a escala Richter vai só até 9, a fenda se abre mais. (mesmo assim, tá na moda)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

vidro

uma imensa e intransponível porta de vidro
fica entre nós.
você aí, eu aqui
o blindex no meio.
até quando, caqui?

pegar, ver e sentir como uma ventosa
é, vida de lagartixa não é gostosa.

Nos sobram os motivos
Quebra. Fica. Vivos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

junkie

"A maioria das pessoas passa a vida toda procurando um amor sem encontrar. Elas dizem que encontram, mas é só porque elas são as personagens principais da comédia romântica que é a vida delas."
Hank Moody, apaixonado e frustrado

segunda-feira, 14 de abril de 2008

olímpicas

Não sei que tanta onda fazem com os tibetanos. Essa pendenga pela independência tem 50 anos e agora todo o mundo resolve simpatizar com os carequinhas de laranja. Por causa das Olimpíadas. E o que os Jogos têm a ver? Muita coisa:

Os últimos Jogos Olímpicos foram em Atenas, na Grécia, um país que detonou, entre outros, os troianos.

Em 2000, Sydney, Austrália, colônia britânica que trucidou os aborígenes, com reflexos sociais visíveis até hoje.

1996, Estados Unidos. 1992, Espanha. Um, no século 20, outro no 16 detonaram praticamente tudo o que viam pela frente. De Hernan Cortéz a Ronald Reagan.

As Olimpíadas de 1988 foram na Coréia do Sul, os coreanos vivem em guerra com os vizinhos do norte. Oquei, pelo menos eles têm fronteiras definidas. Mas e os outros jogos? Moscou, 1984. Los Angeles, 1980. E por aí vai.

A regra é clara. Só sedia Olimpíadas país próspero, organizado e relativamente poderoso. Só consegue isso quem oprime mais fracos. O evento foi criado para celebrar a paz. Mas o custo da paz é a guerra. Sempre foi. O mundo gira e o tibetano da vez é combustível da pira olímpica.

Ou não.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

táimim é tudo


E não digo isso no sentido microcronológico, como ao fazer piadas, ao paquerar ou na hora de pedir férias pro chefe. Estar no lugar certo na hora certa faz toda a diferença para deixar sua marca na história - ou ser marcado por ela. Se Andressa Soares tivesse nascido em 1889 e morasse em New Jersey, provavelmente ela seria uma celebridade do gênio PT. Barnum, que a anunciaria em seu Grande Museu Americano, o chamado "circo dos horrores":

SENSACIONAL!! VEJAM, DIRETAMENTE DAS EXCÊNTRICAS TERRAS TROPICAIS, O MAIOR QUADRIL DA TERRA!!! ELA PODE MATAR UMA CRIANÇA COM SEU TRASEIRO! INGRESSOS A UM DÓLAR! VENHAM CONFERIR, THE FULL MOON GIRL!

Mas Andressa nasceu no Rio, tem 19 anos, dança funk e entrou para a história como a Garota Melancia, fenômeno cultural de um país que já faz hora extra na fila do Apocalipse.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

nossos palhaços

Chávez proíbe Simpsons e troca por Baywatch, enquanto Berlusconi diz que as mulheres de direita são muito mais bonitas. Não levar política a sério é muito bom para a sobrevivência. Graças a esses grandes homens, isso é possível.

Ei, comuna, guarda a bandeira e vai pro bar!

terça-feira, 8 de abril de 2008

sobre saúde

Remédios são, em 90% das vezes, dispensáveis. Sua cama, uma xícara de chá, sopa de legumes e água curam quase tudo. Se o problema insistir, saia e tome algumas latas de cerveja. Não é à toa que desde os brindes vikings exalta-se a saúde ao bater canecas.

Pense a respeito.

exçentricus suceçus

Com 7 anos eu descobri que a cortina bege que às vezes aparecia no meu olho era, na verdade, minha própria pálpebra. Já era tarde, meu cérebro se acostumou a usar mais um olho que o outro, o que, se atrapalha um pouco a periférica e a bolinha de tênis a caminho (ou seria isso desculpa?), nunca me impediu de ter uma visão considerada perfeita - embora eu seja praticamente cego de um olho.

Com 13 anos me enrolaram com um papo de "dentição do futuro", dizendo que o fato de eu ter nascido sem os pré-molares era uma tendência do homem. E uma tendência num sentido mais antropomórfico/biológico do que fashion.

Tenho mais medo de sapo do que de cobra. Cara e nome de gringo falsificado, mas até meus bisavós eram quase todos brasileiros. Não sei nem reconhecer os naipes de um baralho. Ainda acredito nas pessoas.

Agora vêm me dizer que vão fazer um osso nascer na minha boca. Sim, um pó que cresce, se solidifica, e vira osso. Fermento de cemitério. Pirlimpimpim de esqueleto. Do pó vim, ao pó voltarei, mas, antes disso, do pó me brotará um estepe.

Sim, sou excêntrico. E minha felicidade se chama Diferente.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

mad man metal

A Mad está de volta, mais uma vez. Eu me lembro de um sarro que eles tiraram do heavy metal, quando andava na escola de jeans rasgado e com pregos enferrujados saindo de um Nike carcomido por silvertape derretida. Fiquei puto, claro, me levava a sério demais naquela época. Como assim, Alfred E. Newman tirando uma do deus Metal?

Sábado, o estádio dos porcos lotado de headbangers ortodoxos, discípulos do nü metal e um ou outro estranho no ninho com camisas floridas. Clima de paz, cerveja com preço de país em guerra, caixas de som no talo para ouvir Black Label Society, Korn e o o maior astro da história da MTV, ex-inimigo número 1 da sociedade e gravador de CDs demoníacos (não demo, esse é o Marcelo Rossi) Ozzy Osbourne.

E aquela antiga piada da Mad me veio à cabeça entre um solo interminável, um fuck it fuck that e 40 mil cabeças sacolejando. Soava tão atual quando eu percebi algumas coisas:

- Metaleiro que é metaleiro tem mais guitarras do que mulheres no currículo. Zack Wylde solando com a língua em uma das tantas guitarras que ostentou no palco que o diga. Haja gemidos elétricos. No caso de metaleiros fãs, não astros, como Wylde, a premissa é a mesma: mais guitarras do que mulheres.

- Homem e minhoca têm códigos genéticos bastante parecidos. Assim como raves e shows de metal. A essência é a mesma - patadas no chão, adrenalina, guitarra pesada, músculos contraídos. O resultado é no mínimo diferente, para dizer pouco.

- Rodinhas de socos falsos e chutes ao léu são patéticas. Dá vontade de soltar esses caras num baile funk de verdade e ver no que dá. Isso sim é diversão.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

músicas perdidas no iPod

Um brinde ao Aleatorio Canciones! Descobri que tinha essas músicas meses depois de baixar. Ireço!

5 | The Vines ::
Amnesia Praia com teto branco
4 | Vive la Fête :: Jaloux Incêndio na cozinha
3 | Oasis :: Columbia Sorriso maroto
2 | Fischerspooner :: A Kick in the Teeth Fogos de artifício
em câmera lenta
1 | The Dandy Warhols :: Heroin is so Passe Seu sopro na
minha cara



quinta-feira, 3 de abril de 2008

caverna do mario kart

Era uma corrida maluca, com ícones da Fórmula 1 e um cenário de videogame. Eu no meio de desconhecidos. Gênios ao meu lado. Na curva X, na volta Y, resolvi imitar um grande ás brasileiro e ignorar a física, abandonando o asfalto e me jogando no infinito verde de um gramado de pixels. Saltei um morrinho, meu carro ficou destruído e parei ao lado dos restos do veículo de Alain Prost, que me disse que a manobra não era tão legal assim quanto parecia:
- Essa grama é mais bonita do lado de fora da TV. Mas pelo menos ela não coça.

Com o carro inutilizado, voltei a pé para a pista. Mas a pista não chegava. Era um mar verde e liso, um deserto gramíneo, solitário de tão bonito. A terra podia parecer imóvel, mas o céu não parou. Anoiteceu. Não tive opção a não ser buscar abrigo em uma pequena caverna, onde caberia somente um caldeirão grande de bruxa ou um carro para duas pessoas. De manhã, ao tentar sair, vi que tinha a companhia de um simpático rottweiller, mas, do outro lado, na luz inplacável que vinha de fora, um desconhecido, mesmo que involuntariamente, me impediu de entrar. O cachorro dele era tão grande que possivelmente era primo do Cérbero - mas com apenas uma cabeça.

E esse gigantesco cão quiçá mitológico latia e babava e uivava. Não tinha como sair. Só depois de um tempo que ele saltou sobre as minhas costas e me impediu de sair, exigindo carinhos e afagos sem parar. Fiquei o dia todo abraçado com aquele cachorro maior que um urso até que anoiteceu novamente. Ratos, alguns fofos, outros não, apareciam para me importunar. Chutar era solução, e eles sumiam como surgiam, caindo no fundo da tela desse meu sonho de videogame.

Quando finalmente deixei a caverna, cheguei a uma praia, onde encontrei meu irmão, distante, talvez dopado, incapaz de esboçar alguma vida, um relampejo de felicidade.
- Quando eu venho para essa lado da baía corto caminho por lá para voltar para casa - disse me apontando um cais que eu não tinha visto. Mas, em seguida, ele me surpreendeu:
- Como você está vivo?
- Já queriam me matar, é?
- Bem, já faz 10 anos que você sumiu. As pessoas se acostumaram com a idéia, tocaram suas vidas, estão felizes. Agora vai ser complicado você voltar, assim.

teste de audiência

Mulher Melancia bombou de leve. Vamos ver quantos otários eu pego com fotos da Juliana BBB, a gata do Big Brother, pelada na VIP gostosa linda.

Entrou aqui? Tenta de novo aqui


* * *
11 milhões de pageviews no primeiro mês. internet é só sexo mesmo.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

pelo direito ao isolamento próximo

Se estou andando com fones de ouvidos, assim mesmo, no plural, porque é um em cada orelha, impedindo a entrada de sons e, principalmente, barulhos externos, é porque não quero ser importunado. Caminho na Paulista, entre gravatas roxas e exageros adiposos exibindo-se despudoradamente, com minha música de bolso, justamente para não ser perturbado pelos já velhos conhecidos carecas de rosa do rarecríxina ou divulgadores da arte esquecida do teatro amador. Por que a lei Cidade Limpa não os levou também?

E aí me vem o companheiro me cutucar:
- (............................................)
NO MORE TEARS_TEARS_TEARS... (sim, é semana de Ozzy!)
- (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)
NO MORE TEARS_TEARS_TEARS... (e de Korn. Minhas camisetas de metaleiro vão sair do mofo)
-... Evento na Paulista, este sábado.
- Desculpa, evento do quê?
- As Favelas Reunidas vão organizar uma manifestação.
- Sim...
- Neste sábado.
- Tá, mas.... E daí?
- Ah, vocês está com pressa, né? Vai lá.

Me deu dois tapinhas nas costas, um de semiperplexidade, outro de comiseração. Afinal, era só mais um apressado na Paulista alienado em seu toca-música.

segunda-feira, 31 de março de 2008

designers de suceço


Está no sangue. Mas, no caso, creio que não. Estes são holandeses, o gene é da cerveja melhor, de Gent e Bruxelles. Se alguém me pagar a árvore genealógica de DNA, posso confirmar...




Do Designmuseum.org:


Through cultural commissions and public sector projects - from stamps to urban identities - Armand Mevis (1963-) and Linda Van Deursen (1961-) of MEVIS + VAN DEURSEN have played a critical role in modernising Dutch graphic design and redefining it as a dynamic medium.

Both as designers and as teachers Armand Mevis and Linda van Deursen are influential figures in the dynamic Dutch graphic design scene. After meeting as students at the Gerrit Rietveld Academy in Amsterdam during the 1980s, they worked as interns at Total Design before opening their own studio in Amsterdam.

Operating from a small studio with just two assistants Mevis and van Deursen have combined cultural commissions from the Stedelijk Museum of Modern Art and the Netherlands Architecture Institute with projects for the fashion designers Viktor & Rolf. The catalogues they have created for artists such as Mechac Gaba, Carlos Amorales and Gabriel Orozco are projects in their own right rather than simply representations of the work.

Mevis, born in 1963, teaches at the Werkplaats Typographie in Arnhem while van Deursen, born in 1961, is head of the graphic design department at the Gerrit Rietveld Academy. They act as mentors to younger Dutch graphic designers such as Maureen Mooren and Daniel van der Velden, Jop van Bennekom and Experimental Jetset.

Designers, conheçam o casal aqui

Ah, e quem os descobriu foi a Fabi

amor nos tempos da dengue

* Sérgio Cabral já disse que a Constituição de 34 é de 32, que Churchill criou o Eixo democrático, que Getúlio se matou com um teco na cabeça. Agora, chamou a Dilma de presidente. E a bactéria transmissora da dengue, se prolifera pelo ar ou pega com abraço?

* Carla Bruni pôs o Reino Unido de joelhos, foi comparada até à princesa Diana (sendo que é muito mais bonita do que lady Di) e mostrou que Sarkozy - o que foi eleito prometendo dinheiro a imigrantes que vazassem da França - é o maior estadista da Europa, seguido de perto pelo bufão do Berlusconi.

Mas a mosca nessa sopa deliciosa a tiracolo do francês esquisito é o que Bruni revela ao jogar o cabelo para trás. L'Amour, que zoreba...



Porém, no fundo, quem liga? Mulheres assim, lindas e chiques sem se esforçar, estão cada vez mais raras. Deve ser o aquecimento global e o YouTube que vulgarizaram o mundo.

segunda-feira, 24 de março de 2008

digressão


A felicidade é uma sensação?

Coincidências vindas do céu sempre me chamaram a atenção, especialmente as meteorológicas. Hoje cedo, quando descia a rua dos Pinheiros e me embrenhava no mosaico de DVDs piratas, fumaça de ônibus, trombadas de pedestres e lojas de umbanda do largo da Batata, a caminho do trabalho, pensei há quanto tempo eu não me divertia numa chuva feliz. O tempo estava nublado, o calor de março, que parece ter o auge no verão a beira do fim, deu uma trégua, e eu senti falta de andar como criança debaixo de um toró bom, desses que a toalha, depois do banho, é quase abraço de mãe, não de um simples e óbvio pedaço de pano felpudo escrito algo como Karsten. Quase 12 horas depois, assisto ao trecho mais famoso de Cantando na Chuva, embalado e refrescado por uma versão cantada por Jamie Cullum – sujeito que à época do filme não era nem previsto, como lembrou o Sérgio.

E aqui estou tendo que responder essa pergunta. A felicidade é uma sensação? Não sei. Sei que é humanamente impossível não esboçar um mínimo sorriso com essa cena. Quem está feliz se vê dançando na calçada. Quem está feliz e é realista se vê dançando em meio a lixo boiando, sem ligar para a ameaça de enchente. Quem está feliz e sabe rir de si mesmo se vê dançando e imagina como ficar em pé com tantas estripulias e tanta tanta água. Difícil, então você cai, ri, levanta e, na primeira pirueta do guarda-chuva, espatifa um vaso. Quem está melancólico quer se inspirar e resgatar aquele velho sorriso automático, sem esforço. Quem vive dentro de uma concha e assiste a isso quer sair, pular sem medo. Quem tem a frieza de um atirador de elite, a rigidez do marechal prussiano, o equilíbrio laranja de um lama, certamente esboça uma sensaçãozinha, por mais que seja somente naquele instante mínimo e quase invisível que eles têm para ser só eles. Felicidade é sensação única porque cada um a manifesta e absorve de um jeito.

Estava chovendo meia hora atrás. Tinha cara de chuva feliz. Tinha consistência e volume certos – nada da garoa insossa que não molha mas deixa resfriado, muito menos de uma tromba d’água vertical. A chuva parou, voltei para a sala de aula. No caminho para casa, outra coincidência: o iPod cantarola Raul Seixas: “Eu perdi o meu medo, meu medo, meu medo da chuva”.

diálogo em 10 falas

– Eu demorei para entender que a Glenda me ligou domingo à tarde para eu “pôr imediatamente no Faustão e ver aquele pagodeiro, o Neto” – comentou a Bárbara no tom a que todos já estávamos acostumados: aquele que trazia embutido nos seus muitos decibéis “escutem-me, estou falando!”
– Neto?
– É a Glenda, né, Felipe? Ela queria falar Belo, o que estava preso. Mas na verdade era o Rodriguinho.
– WOW. O pagode não cansa de nos surpreender. E como ele está?
– Bicho, o cara fez uma tatuagem de colar – respondeu Gabriel com seu sotaque raro de capixaba naquele restaurante barulhento como obra de metrô sobre o solo.
– Como assim “de colar”? – engasguei com a massa recheada com muito frango e pouco damasco ao perguntar. – Ele tatuou um cordão no pescoço!?
– Não. Rapaz, uma tatuagem de colar, tipo henna, sacou?
– ...
– Rá! Nossa, essa foi demais. Estou me superando em piadas infames.
– Ô. Ri tanto dessa quanto daquela de ontem, quando você disse que estava “morrendo de rim” – desdenhou a Bárbara, que parecia alheia à conversa – algo quase impossível.

A Glenda, que deu início à conversa e desde então olhava da comida para o teto, do teto para o pátio, não agüentou os olhares que esperavam algum comentário, apontou para a própria cabeça e disparou:
– Ah, vocês são muito sem graça. Meu mundo é bem mais divertido!

sexta-feira, 21 de março de 2008

quando era um lorde

































Por Paulo Setubal van Deursen, o Moço
São Paulo, 2003

quinta-feira, 20 de março de 2008

no princípio era o S

Eu já fui um fraco, assim como você. Mas isso já faz tempo, muito tempo. Me veio à cabeça agora o episódio em que comecei a forjar meu estilo de vida. Ainda estava na escola. Uma professora que em outros idos fora deveras bonita - algo como uma violeta de ontem - tentava nos ensinar por que algumas palavras em Português têm dois Ss ou dois Rs. O exemplo que a dona Etimológica usou foi sucesso.

Alguns anos mais tarde percebi que essa palavra era semanticamente uma fraude. Mas isso era a época rebelde entre o primeiro beijo e o milésimo. Ela não era um lapso da língua, apenas a sua característica atrelada aos Ss imbuía no mundo dos homens algo indissolúvel. Afinal, essa história de precisar de duas letras juntas, repetidas, para formar um mesmo som não é questão de amizade, fraternidade, altruísmo ou compaixão. Isso se chama insegurança. E é por isso que hoje existem estas duas palavras, homônimas, porém não-sinônimas: sucesso e suceço.

Deixei o sucesso àqueles inseguros que se perguntam onde estão na vida, aos infelizes que esvaziam os bolsos em um divã em troca de frases montadas para acalentar sua existência pelos próximos 15 dias, aos tolos que crêem que prestar serviço à comunidade serve, no íntimo, como um mea culpa social. Aos jovens que buscam incessantemente preencher currículos para aumentar carteiras. E encolhê-las, sem saber por que motivo, ao perder o tempo único que têm na vida se lamuriando: "oh, céus, sou tão infeliz! Sou bem-sucedida, tenho carro (!), meus remédios me mantém inteirona (!!), por que minha vida é um saco?" Esse é o tipo de gente que se empanturra de doce e depois se mata na academia...

Eu não sou assim. Sei onde piso, enfrento problemas, assumo erros, aguento esperar. Ter um bom emprego, ser cercado de amigos, ler, estudar, refinar o gosto, tudo isso é uma evolução básica e linear a que a maioria têm acesso. Estar seguro de si, saber que vai dar tudo certo sempre, é um exercício constante.

De vez em quando eu tomo chá com dona Etimológica. Quando o fantasma tremulante da insegurança ameaça me assustar, basta um malte e um álbum de fotos para eu rir da cara dele. Cada pequeno sucesso da vida é o que compõe a felicidade. É por isso que digo: eu sou um suceço.

Rio de Janeiro, abril 2005

* * *
Você é feliz? Fale comigo

* * *
Tanto que inspirei um novo blogue, feito por gente talentosa e segura, galera Ulça - sem essa de ser do bem porque isso é muito mala. O melhor do pior e o pior do melhor do que rola nos virais 2.0, a evolução da piada de imeio!

quarta-feira, 19 de março de 2008

pitacos

- Angela Merkel diz em Israel que o Holocausto enche a Alemanha de vergonha. Boa. Agora, quando João Paulo II pediu perdão pela Inquisição, ele foi repudiado. Amém?

- Um garoto de 12 dirigir virou escândalo. Em Resende, terra de ninguém, e em várias outras localidades do Brasilzão isso era quase normal. Eu aprendi a dirigir com 11 anos. E dirigir, assim como os alunos da Unicsul, a gente aprende na prática.

- Moby é tão politicamente correto que na página de cadastro em que ele disponibiza 80 músicas gratuitamente para ser usadas em filmes independentes o território-treta da Abkházia, na Geórgia, é um país soberano. Tem revista grande que chamou ele de chato. Se o Huck defendesse a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul, ele seria chato. Mas o DJ-produtor-carequinha-vegan, não.

guia do estudante

O professor de biologia perguntou na classe:

- Rapaziada, o que vocês querem ser quando tiverem impostos?
- Astronauta - respondi, sem titubear e, claro, sem nunca ter ouvido falar de Marcos Pontes.

Não vejo mais tanta graça assim no céu, no sentido físico, astronômico etcetera e tal. Se o Marquinho Paluma, com aquela cara de Jamiroquai só dele, me questionasse hoje, 9 anos depois e eu já ter digerido e regurgitado cursinho, vestibulares, listas de espera, faculdade, exames, pro-ces-sos se-le-ti-vos, responderia:
- Eu queria ser ombudsman do mundo.

terça-feira, 18 de março de 2008

sonho bizarro do dia

O forte vinagre caseiro espirrou direto no olho esquerdo dele, provocando lágrimas e risadas nada contraditórias. Pouco depois, sem chave, celular, música, dinheiro ou livro, ficou trancado quatro horas para fora de casa. A primeira vez que isso acontece sem que ele estivesse sob efeito do álcool - e, por isso mesmo, não teve a menor graça. Ou dormia em sua praça privada e exclusiva, sob uma improvável palmeira e ao tão-improvável-quanto relento de março, ou se estirava no granito preto e gélido do corredor, para turbinar a febre iminente.

Tédio, escuridão e silêncio são ideais para levar seus pensamentos ao círculo mais profundo e mesquinho da imaginação. O medo alimenta a insegurança que pulsa a inveja que corrói o amor que perde aderência, cai, despenca e desaparece no eco. O vazio abraça como gelo no dente.

Abre os olhos.

Dorme. Um concurso organizado por um museu da cidade propõe novas representações gráficas para os números, tendo como base conceitos filosóficos, não aritméticos. Ou seja, nada de um sol, dois irmãos, três profetas, quatro estações, cinco dedos, seis amigos, sete pecados. Muito menos one little two litlle three little indians. Artistas criaram pastas, maçarocas, amontoados coloridos e pedaços de comida antropomórficos para a nova tabela. A descabida medida de eliminar a grande herança arábica ganhou o respeito dos fariseus e lordes, mas Esqueleto comandou a insurreição contra a mudança. Cabia ao herdeiro de He-Man, conhecido como He-Man 3.0, enfrentar o vilão reacionário. Não houve luta, apesar de o jovem guerreiro mostrar confiança e prepotência. Eles trocaram elogios e conversaram nostalgicamente sobre o auge do príncipe Adam.

Um dia antes, Mateus era o único ser humano sentado no único bar de uma metrópole bombardeada e deserta, cujo único movimento à vista era a água suja escorrendo lentamente em direção ao bueiro.

segunda-feira, 17 de março de 2008

chove

baratas chapadas são menos estúpidas do que pessoas com guarda-chuvas.

domingo, 16 de março de 2008

[vazia]

eu preferia ter perdido tudo
para não ter que ficar reparando
as pequenas perdas.

Carpinejar (não é um verbo)

sexta-feira, 14 de março de 2008

a melhor webdesigner da região de por aqui

Renata Aguiar, essa garota é muito boa. Páreo duro com Fabiane Zambon e Gabriel Gianordoli. Ela que fez a maioria das animações da série das Sete Maravilhas do Mundo antigo, que, no papel, ganhou o Esso.

Na rede ganhou o Eço. Também porque o editor é um suceço, mas o mérito é dela.

Acessem e contratem-na. Aqui!












Se estiver com tempo livre pode clicar aqui também.

slow food não vai à guerra

as moscas e o medo sempre ganham no final. Clica, mané!
Para ver a guerra total, clica no voltar, no fim da página

quinta-feira, 13 de março de 2008

eu não nasci para essa cidade

algo definitivamente interessante na cidade é a fraternidade dos Resendeses, são pessoas tolerantes a qualquer outra religião, hospedando refugiados islâmicos do Iraque em suas celas confortáveis com televisões de LCD (...) A prisão dos islâmicos é defendida pelos militares como uma política de proteção cultural religiosa

o Supermercado Máximo e o Bob's, que são pontos de encontros de todas as gerações residentes lá.

Após 300 anos, as grandes redes de fast-food estão em atividade na cidade desde 2080, sendo isso um grande exemplo de desenvolvimento econômico.

As ruas para trafegar são as melhores em se tratando de recapeamento.

Quando há sinal de guarda municipal, pode apostar que o fluxo anda!

Os buracos de vez em quando aparecem.

Diz a lenda que os buracos estão na calçada esperando sua vez para entrar na rua.

A fabulosa Universidade Estácio de Sá possui um belo campus na cidade de Resende, onde a paciência de seus alunos são testadas por estudantes selvagens e canibais do Espetacular e tradiconal colégio Dom Bosco. As salas de aula possuem cachoeiras que se originam do teto, todavia, fucnionam apenas quando chove. As águas que partem das cachoeiras citadas acima, proporcionam um belo espetáculo ao descerem as escadaria do prédio do campus.

A cidade conta ainda com a inigualável presença de uma espécie rara em todo mundo: A CADETINA (Termo usado na região para definir mulheres que vagam nas proximidades da AMAN como a Olavo Bilac e Bob's para esperarem as suas presas os cadetes).

Um hábito muito comum dessa espécie é somente olharem, namorarem, flertarem, enfim darem exclusivamente para cadetes, visando o futuro salário dos mesmos. Resumindo as cadetinas são uma versão especificamente resendense de mercenárias ou cadetenárias??? O interessante (e particularmente engraçado) é o fim posterior das cadetinas, pois os cadetes dão uns pegas nelas por 4 anos e depois quando vão se formar oficiais dão um fora nelas (pé na bunda) e vão para sua cidade natal casarem-se com suas namoradas.

Com certeza dentre as milhares de atrações turísticas de Resende como o parque das aguás (que por sinal quase não tem água), e a exapicor, que é a unica coisa a se fazer em resende ou hellsende no período de um ano. Isso mesmo, atenção!!! Não perca a exapicor senão só ano que vem pra sair novamente de casa com um destino certo) as cadetinas com certeza estão incluídas na vasta lista de atrações turísticas da cidade de resende.

Deve-se ressaltar neste tópico o explendor e magnifico turismo sexual desta bela cidade, a partir das 20:00 hs é possível encontrar em cada esquina travestis de ótima qualidades, são todos tremendos tri-pés. Esses travestis são exclusivos da cidade só há por aqui.

Resende, na Desciclopédia

verde onde pode ser

Quanto consome uma escada rolante? A mesma energia no sábado à noite em semana de Natal do que na segunda de manhã com um sol escaldante lá fora. Ou seja, elas nunca param, estão à disposição do horário de funcionamento de shoppings, lojas de conveniência, megastores. Não importa se há 250 pessoas por minuto utilizando-as ou apenas uma senhora franzina e seu neto quase gordo trocando os brinquedos que ele não gostou.

Então por que não se fala em escada rolante ecológica, já que desde que sustentabilidade virou moda todo mundo quer tirar proveito disso? Uma escada rolante que funciona como porta automática. Ela é acionada quando necessário. No resto do tempo, fica parada, em vez de completar infinitas voltas ao redor dela mesma sem carregar viv'alma. Andando atrás do próprio rabo inexistente, como um cachorro burro. O problema é que esse cachorro burro não funciona à base de ração.

segunda-feira, 10 de março de 2008

mulher melancia com a mão na massa


Agora com Analytics, só pra imitar o Fred e ganhar alguns acessos do Google. Você mesmo, mané, espera a mina desproporcional do Créu sair na VIP. Ou então lê essas demências aqui. Uhu!

resenhas de uma frase só

Onde os Fracos Não Têm Vez mostra como o Beiçola pode fazer seu coração sufocar a goela - mas esquece a hora de terminar.


Sangue Negro é denso como piche e macho como poeira de saloon - mas também esquece a hora de terminar.

quinta-feira, 6 de março de 2008

god moving over the face of the world

areia fina, branca e fria passeando por entre os dedos do pé ainda mais alvos. uma briga eterna entre pedras e ondas, ouriços e espuma. céu cor de fim. moletom como camisa de força, óculos escuros para se esconder. o último abraço que não houve e Marcos se jogou no vento infinito, e infinito se tornou ao se encerrar ali.

ferro

Depois de acompanhar oito playboys até 1 da madrugada correndo de kart e dormir seis horas para em enfurnar no Google em livros do IBGE para descobrir quantos escravos foram de fato libertados em 1888 (e, sim, quer você queira ou não, a princesa feia e gorda Isabel se empenhou no bagulho. Nas bancas em abril) tenho que lidar com o telefone importunando às 9:
- Alô.
- Por favor o Felipe?
- Eu.
- Fê-e-ê
(putaqueopariu)
Adivinha quem é?
- Não sei.
- Não sabe mesmo?
- Não e estou ocupado.
- É a Cris, bem
- Cris?
- Da academia Fatless!
- Correto.
- E aí, você nos abandonou, é?
- Ah, ando trabalhando muito
- Mas você vem, né?
- Sim, claro. Ainda essa semana.
- Então estamos te esperando
- Oquei.
- Um beijo, lindo
- Até.

Não voltarei lá. Mentir é ótimo para as pessoas pararem de encher o saco.

el silencio

o vazio do silêncio que preenche o ar,
sufoca lágrimas e soluços que
secam e viram fósseis
de um tempo em que
felicidade era simples

e boa e linda e plena
e[]satisfatoriamente

tipo aquele café-da-manhã
na cama, [suspiro não-doce]
hoje plenamente de silêncio


São Paulo, agosto de 2007

terça-feira, 4 de março de 2008

sonhos bizarros dos dias

Cara, tá fogo. Gente de Resende, assassinato à queima-roupa, perseguições, Princesa Isabel, editores, ensaio de fotos, Fernanda Lima, ex-namorada, amigos da Abril, tio da Itália, casamento, batalhas (literais!), gente de São Paulo, Kombi, Hogwarts de García Marquez. Mas não vou contar aqui, não. Se alguém ler, pague-me uma cerveja. Preciso

[ ]

“Florentino Ariza, endurecido de tanto sofrer, assistia aos preparativos da viagem como um morto teria assistido às disposições tomadas para suas exéquias. Não disse a ninguém que ia embora, não se despediu de ninguém, no mesmo hermetismo férreo que só à mãe revelou o segredo de sua paixão reprimida, mas na véspera da viagem cometeu consciente uma loucura do coração que bem poderia ter-lhe custado a vida. Vestiu à meia-noite seu traje de domingo e tocou em solo debaixo do balcão de Fermina Daza a valsa de amor que compusera para ela, que só eles dois conheciam, e que foi durante três anos o emblema de sua cumplicidade contrariada. Tocou-a murmurando a letra, o violino banhado em lágrimas, e com uma inspiração tão intensa que aos primeiros compassos começaram a ladrar os cachorros da rua, e em seguida os da cidade, mas depois se foram calando pouco a pouco graças ao feitiço da música, e a valsa terminou em meio a um silêncio sobrenatural. O balcão não se abriu, nem ninguém assomou à rua, nem mesmo o guarda-noturno que quase sempre acudia com sua lanterna para ver se colhia algum benefício com as sobras das serenatas. O ato foi uma invocação de alívio para Florentino Ariza, pois quando guardou o violino na caixa e se afastou pelas ruas mortas sem olhar para trás já não achava que ia embora na manhã seguinte, e sim que tinha ido embora há muitos anos com a disposição inabalável de não voltar nunca mais.”

sábado, 1 de março de 2008

dramáticos

"Começou com a simplicidade da rotina. O doutor Juvenal Urbino tinha voltado ao quarto, nos tempos em que ainda tomava banho sem ajuda, e começou a se vestir sem acender a luz. Ela estava como sempre a essa hora em seu morno estado fetal, os olhos fechados, a respiração tênue, e aquele braço de dança sagrada sobre a cabeça. Mas estava meio desperta, como sempre, e ele estava sabendo. Depois de longos rumores de linhos engomados na escuridão, o doutor Urbino falou consigo mesmo:
– Faz uma semana que estou tomando banho sem sabonete – disse.

Então ela acabou de acordar, lembrou, e rolou de raiva contra o mundo, porque na verdade tinha esquecido de substituir o sabonete do banheiro. Tinha notado a falta três dia antes, quando já estava debaixo do chuveiro, e pensou em botar o sabonete depois, mas esqueceu o assunto até o dia seguinte. No terceiro dia tinha acontecido o mesmo. Para dizer a verdade, não tinha se passado uma semana, como ele dizia para lhe agravar a culpa, e sim três dias imperdoáveis, e a fúria de ser apanhada em falta acabou de enraivecê-la. Como de costume, se defendeu atacando.
– Pois tenho tomado banho todo santo dia – gritou fora de si – e sempre tem havido sabonete.

Embora ele conhecesse de sobra seus métodos de guerra, desta vez não pôde suportá-los. Foi morar a um pretexto profissional nos quartos de internos do Hospital da Misericórdia, e só aparecia em casa para trocar de roupa ao entardecer antes das consultas a domicílio. Ela ia para a cozinha quando o ouvia chegar, fingindo qualquer afazer, e ali permanecia até escutar vindos da rua os passos dos cavalos do carro. Cada vez que procuraram resolvera discórdia nos três meses seguintes, só conseguiam atiçá-la. Ele não dispunha a voltar enquanto ela não admitisse que não havia sabonete no banheiro, e ela não se dispunha a recebê-lo enquanto ele não reconhecesse ter mentido de propósito para atormentá-la.

É claro que o incidente lhes deu a oportunidade de evocar outros arrufos minúsculos de outras tantas manhãs perturbadas. Uns ressentimentos mexeram em outros, reabriram cicatrizes antigas, transformaram-nas em feridas novas, e ambos se assustaram com a comprovação desoladora de que em tantos anos de luta conjugal não tinham feito mais do que pastorear rancores. Ele chegou a propor que se submetessem juntos a uma confissão aberta, com o senhor arcebispo se fosse preciso, para que Deus decidisse como árbitro final se havia ou não sabonete na saboneteira do banheiro. Então ela, que tão boas estribeiras tinha, perdeu-se num grito histórico:
– Que vá à merda o senhor arcebispo!

O impropério abalou os alicerces da cidade, deu origem a cochichos que não foi fácil desmentir, e ficou incorporado à fala popular com ares de teatro de revista: “Que vá à merda o senhor arcebispo!” Consciente de que havia ultrapassados os limites, ela se antecipou à reação que esperava do esposo, e ameaçou mudar-se para a antiga casa do pai, que continuava sua embora estivesse alugada para escritórios do serviço público. Não era uma bravata: queria ir embora de verdade, sem se importar com o escândalo social, e o marido percebeu a tempo. Não teve coragem para enfrentar seus próprios preconceitos: cedeu. Não no sentido de admitir que havia sabonete no banheiro, pois tria sido um insulto à verdade, e sim no de continuarem morando na mesma casa, mas em quartos separados e sem se dirigirem a palavra. Assim faziam as refeições, contornando a situação com tanta habilidade que se mandavam recados pelos filhos de um ao outro lado da mesa sem que estes percebessem que os pais não se falavam.

Como no escritório não havia banheiro, a fórmula resolveu o conflito dos ruídos matinais, porque ele tomava banho depois de preparar a aula e adotava precauções reais para não acordar a esposa. Muitas vezes coincidiam e se alternavam para escovar os dentes antes de dormir. Ao fim de quatro meses, ele se deitou para ler na cama matrimonial enquanto ela não saía do banho, e pegou no sono. Ela se deitou ao seu lado sem quaisquer precauções, para que ele acordasse e fosse embora. Ele acordou pela metade, com efeito, mas em vez de se levantar apagou a lâmpada da cabeceira e se acomodou no travesseiro. Ela o sacudiu pelo ombro, para lhe lembrar de que devia ir para o escritório, mas ele se sentia tão bem outra vez na cama de penas dos bisavós que preferiu capitular.
– Me deixa ficar aqui – disse. – Tinha sabonete, sim."