segunda-feira, 24 de março de 2008

diálogo em 10 falas

– Eu demorei para entender que a Glenda me ligou domingo à tarde para eu “pôr imediatamente no Faustão e ver aquele pagodeiro, o Neto” – comentou a Bárbara no tom a que todos já estávamos acostumados: aquele que trazia embutido nos seus muitos decibéis “escutem-me, estou falando!”
– Neto?
– É a Glenda, né, Felipe? Ela queria falar Belo, o que estava preso. Mas na verdade era o Rodriguinho.
– WOW. O pagode não cansa de nos surpreender. E como ele está?
– Bicho, o cara fez uma tatuagem de colar – respondeu Gabriel com seu sotaque raro de capixaba naquele restaurante barulhento como obra de metrô sobre o solo.
– Como assim “de colar”? – engasguei com a massa recheada com muito frango e pouco damasco ao perguntar. – Ele tatuou um cordão no pescoço!?
– Não. Rapaz, uma tatuagem de colar, tipo henna, sacou?
– ...
– Rá! Nossa, essa foi demais. Estou me superando em piadas infames.
– Ô. Ri tanto dessa quanto daquela de ontem, quando você disse que estava “morrendo de rim” – desdenhou a Bárbara, que parecia alheia à conversa – algo quase impossível.

A Glenda, que deu início à conversa e desde então olhava da comida para o teto, do teto para o pátio, não agüentou os olhares que esperavam algum comentário, apontou para a própria cabeça e disparou:
– Ah, vocês são muito sem graça. Meu mundo é bem mais divertido!

Um comentário:

Bárbara dos Anjos Lima disse...

Ela achou que o nome do Belo/ Rodriguinho fosse Beto e não Neto! Ah, eu nem falo tãããão alto assim, vai?