sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

tequila

Era a época. O auge da esbórnia. A única paixão era a carne pingando na brasa e as latas suando mais do que eles naqueles dias de loucura e delírio. Não davam a mínima para as cenas grotescas que protagonizavam. O Ricardo e suas tetas caídas pondo toda a água para fora da piscina. O Felipe e aquela cachorra, me deixando aqui sozinha... Cachorra não, vagabunda, que ele trazia pra casa sempre que os moleques estavam aqui, só pra tirar foto dela pelada ou deixar a porta do quarto aberta, sabendo que todo mundo ia invadir para vê-lo em ação. Ou vê-la, que foi o caso. O Eduardo e o Gustavo, imbecis, dançando no telhado. A gringa fazendo todo mundo de bobo. Aquelas danças, como era possível serem tão ridículos. Começavam a se lambuzar e chacoalhar. Poderiam ser travestis em São Paulo, aquela cidade cheia disso. Mas eram eles, os idiotas que já mandaram na cidade. Rebolavam de tanga e agarravam-se uns aos outros, só pra provocar as poucas meninas que ficavam até tarde para ver esse horror. Eu não tinha jeito, era obrigada a ver. Mas tudo bem, me divertia, dava risadas, me molhava à beça. O dia inteiro, a noite inteira. Foi um tempo bom, tenho certeza que eles se lembram quando começaram com eça beçteira de ç çedilha.

Só não sei se eles vão se lembrar de mim. Eles foram embora e eu continuei aqui, dormindo debaixo do tanque, até morrer, semana passada.

Verão 2006

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