Adolpho e Martino foram grandes amigos, desses que, hoje em dia, são raros como pastel de feira bom. Os dois imigrantes, os dois tentando (e ganhando) a vida na cidade cinza, que, naqueles tempos, era uma mistura de bege, verde e azul muito da bacana. Os dois boa-vida, os dois sabedores do que realmente vale a pena na vida: ela é curta demais para tomar vinhos ruins e ler livros vagabundos. Os dois exímios cortezes galanteadores, os dois viveram até o fim com mulheres lindíssimas, que "marcaram época na sociedade", como lembram os que sobreviveram para contar a história. Os dois viajantes natos, os dois empreendedores. Enquanto um mexia com banco - ajudou a trazer para a cidade cinza aquela instituição que foi comprada pelo gigante holandês que foi engolido pelo titã espanhol - o outro importava de tudo, até avião, o que fez ele trocar idéias e abraços com Antoine (o do pequeno príncipe) e Alberto (o daquele avião que parece que está ao contráro quando pilotado).
Mas, apesar de todas as vitórias que fizeram eles realizarem o sonho da América, o mais gratificante foi, depois de décadas de amizade verdadeira como cachorro satisfeito, ter um herdeiro em comum. Adolpho já tinha partido quando, no leito de morte, Martino disse à mulher de seu neto, embuchada: "vou dar a boa-nova a meu amigo. Enfim, um bisneto em comum".
Dois meses após a morte de Martino, veio o rebento. E logo nasceriam outros dois. Sortudos aqueles que têm num descendente a encarnação de uma amizade antiga.
Especialmente porque não foi o filho de um que se atracou com a filha do outro, que fique bem claro.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
good fellas
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