sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

nome aos bois

Quinta-feira à noite e o duo cerveja-televisão poucas vezes funcionou tão bem. A empresa de telemarketing que ganhou a concessão para montar sua rede de TV (-!-) de maneira polêmica menos de 10 anos atrás tem na mulher que finge ser burra mas disso nada é e usou o bucho cheio por um decano do roque para ficar famosa uma de suas maiores atrações. Na noite em questão, um acalorado debate entre um vereador da cidade meridional que há muito é conhecida, de maneira jocosa, por ser um celeiro daqueles que preferem seus semelhantes e outro, da metrópole que comemora quando há menos de 100 mil metros de carros parados e poluindo e que foi eleito em boa parte por causa de seu inegável talento em música que torce o nariz daqueles que o levantam para ouvir uma sonata de Brahms. O debate se dá devido à maneira que o primeiro ganhou espaço na mídia, trajado de messias e bombachas e realizando serviços inócuos de umbanda, o que provocou a ira de religiosos e políticos, que são criaturas que adoram ser levadas a sério. Mediando o embate, além da supracitada apresentadora, um padre de visual à la grupos de maior sucesso musical do fim dos 90 - aqueles mesmo, de cordões dourados maiores que correntes de calabouço, gel no cabelo como se ele fosse fugir, passinhos combinados e letras cheias de diminutivos - e um legítimo representante do que de melhor a juventude interiorana tem a oferecer, um rapaz de chapéu, camisa estampada, cinto de fivela anabolizada e, bem provável, a chave de uma picape que consome 3 mil árvores para ir até a esquina no bolso. Tudo isso patrocinado pelo guaraná que chamou atenção na mesma rede de TV (-!-) alguns anos atrás por alegar estar defendendo os interesses nacionais contra aquele monstro estadunidense que inventou o Papai Noel e a lenda de que o Natal é feliz. Por volta das 23h, o gongo soa, comemorando a liderança de audiência atingida naquele instante. Ou seja, do outro lado da tela, 547 milhões de pessoas identificando-se e delirando com aquele espetáculo.

O lado B do Brasil. Cara, como eu amo esse país.

Um comentário:

heidrich disse...

Pronunciando palavrões como "Abracadabra".