quinta-feira, 29 de novembro de 2007

apocalipse

Festa da revista Rolling Stone com muito mais jornalistas do que celebridades. Um punhado de arrozes de festa se engalfinhando para ouvir a música eletrônica de Ig-gor (gulp) Cavalera. No bar, uísque com frutas. Se continuar assim, ano que vem teremos Ivete Sangalo empunhando guitarras, numa festa bancada pela Philips e a Coca-Cola, promovendo a mistura de cachaça com Skank e Sprite com Bonde do Rolê. Opa, já tá rolando. Sinal dos tempos.

* * *
O nariz é grande pra apontar pro bar abierto mais próximo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Ciao

Quem tocou em Copacabana no começo do ano? Pois é, nem lembrava, seria Elton John e, ainda por cima, foi cancelado. E o que de realmente bom surgiu na música esse ano? Amy Winehouse? Oquei, se ela estiver viva no próximo inverno a gente fala mais a respeito. Novidade tecnológica? Não teve YouTube para salvar o ano, nem Google Earth, nem Wii. Só o iPhone e o Vista. É, mico. Política, uau, só falamos em Senado e CPMF – nada de bom, para variar. No mundão de meu Deus, as petrocracias ganharam mais poder e Hugo Chávez é o cara. Lindo. Aquecimento global virou febre (sem trocadilho) e, em vez de se fazer alguma coisa, discute-se se ele é real ou não. E se o etanol vai acabar com a comida no mundo, como se o problema fosse área para plantar e não distribuição. Oquei, coisas mais amenas. Cinema. Transformers é um dos melhores e Capitão Nascimento é o herói do ano em que os roteiristas pararam porque Hollywood, até ela, está quebrando. Sensacional. E quem brilhou em 2007? Alemão do BBB, Mônica Veloso e Sarkozy. E a seleção? Só não dá mais pena do que o Corinthians, na temporada em que o São Paulo acabou de vez com a graça do futebol corrupto e incompetente. Quer saber? Deu. Em dez minutos que parei para pensar nesse ano me vem à cabeça que ele foi bem mais medíocre e insosso que os que o antecederam – por esses e outros tantos motivos. Chega, 2007, já vai tarde.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Alta Fidelidade - Top faives que eu sempre quis fazer

As cinco melhores piores cantadas da galáxia (comprovadas empiricamente). É fácil: olhe fixo, venere-a com os olhos, esqueça o mundo, fale com desenvoltura e arranque umas risadas. Funciona uma a cada três, oito, 25 vezes:

5º - (funciona somente com moças vestidas de motivos florais e que tenham um senso de humor muito bom): Mas que belo jardim para plantar mandioca!

4º - Quer casar comigo? Ser minha noiva? Ah, vá, vira minha namorada então? Um caso? Fica comigo só hoje? Então me dá um beijo. (se fizer de joelhos a cena ridícula pode fazer mais sucesso)

3º - Imagina um coco. Agora imagina esse coco no alto de uma montanha. E aí, rola ou não rola? (faça isso bêbado e para alguém no mesmo estado. Risada na certa)

2º - Ei, você de amarelo, quer morar no meu castelo? (Marcelo Cassini, daltônico, tentou essa em várias de verde)

1º - (dance pateticamente na frente dela, misture Ricky Martin com Magal e Backstreet Boys, faça-a passar vergonha para ter certeza do que vai falar): Eu paro de dançar se você me der um beijo.


* * *

Hors-Concours - (Usei só uma vez, mas funcionou para uma vida inteira. Claro que havia outros importantes fatores, mas, enfim, não uso esta nunca mais, está guardada):
[E eu não vou falar aqui].

síndrome de Valentina Caran

O melhor de ter - e manter - amizades fora desse círculo medíocre da pseudodescolândia da Augusta que bebe na Mercearia São Pedro e lambe o pescoço de alguém no Astronete achando que a galocha colorida e a Feist no iPod são a última bala da rave é perguntar a eles o que é o Prêmio Esso e ouvir como desinteressada, estúpida e melhor resposta do mundo o seguinte:
- A frentista do ano?

domingo, 11 de novembro de 2007

Pós-Coca-Cola

Mateus manda para o grupo de imeio:

"alguns minutos de distração e vagabundagem....passem para seus comparsas...autor apócrifo.

*Vc é normal? Faça o teste...*Eu vi isso em outra comu e achei show o meu resultado eu conto no final!obs:ñ leia o final antes de fazer o teste!

FAÇA O TESTE... BUGS DO CÉREBRO!ATENÇÃO: NÃO LEIA O RESULTADO ANTES DE RESPONDER...

Alguma vez já se perguntaram se somos mesmo diferentes ou se pensamos amesma coisa? Façam este exercício de reflexão e encontrem a resposta!!!Siga as instruções e responda as perguntas uma de cada vez MENTALMENTE e tãorápido quanto possível mas não siga adiante até ter respondido a anterior. Ese surpreendam com a resposta!!!Agora, responda uma de cada vez:
Quanto é:15+6...
21...
3+56...
59...
89+2...
91...
12+53...
65...
75+26...
101...
25+52...
77...
63+32...
9...
5...

Sim, os cálculos mentais são difíceis mas agora vem o verdadeiro teste. Seja persistente e siga adiante.
123+5...
128...
RÁPIDO! PENSE EM UMA FERRAMENTA E UMA COR!

......E siga adiante

.........


Mais um pouco..........


Um pouco mais..........


Pensou em um martelo vermelho, não e verdade??? Se não, você é parte de 2%da população que é suficientemente diferente para pensar em outra coisa. 98% da população responde martelo vermelho quando resolve este exercício.Seja qual for a explicação para isso, é uma boa maneira de verificar sesomos normais ou não!!!O meu deu martelo vermelho mesmo,eu acho q sou normal,agora falam oq deu node vc6!!!"


Mais um problema para nossas almas atomentadas. Eu quero ser ordinário. Preciso de um terapeuta, auto-ajuda, shiatsu, cabala, milk-shake de ovomaltine, suar na academia, yôga, rúcula e tomate seco, MSN e SMS, zodíaco maia e ofurô, spa e Lya Luft, shitake e catupiry, ecstasy, filosofia barata e religião de bolso.

Grande geração perdida.

Ecstasy

Era engraçado ver aquele cara, estranhamente bonito, visivelmente alheio à realidade que lhe cercava, mas, mesmo assim, harmoniosamente envolvido por ela. Dava para ver no sorriso estampado em sua cara rosada. Não devia ser estrangeiro, mas dançava como tal – ou pelo menos fazia gênero. Parecia não se caber de tanta euforia quando andava na contramão do trio. A massa rumava a norte, ele insistia no sul. Esperto, dava de cara com todas as garotas sem precisar fazer quase que movimento algum. Os amigos passaram a imitá-lo. Com uma mão na barriga e a outra nas costas, ele era a sátira transeunte do amante latino eslavo. Parecia adorar fazer sucesso, se esbaldava com seu jeito excêntrico – especialmente porque os amigos, estes sim, típicos do meio, o seguiam e se sentiam bem e seguros por fazê-lo.

Entre uma lufada de loló, um gole de cerveja e o beijo de uma qualquer, parei de observar aquele italianinho para checar um torpedo no celular: a resposta-chave da entrevista-chave do meu livro. Repórter ridículo. Desmarquei a entrevista porque não podia perder a festa – e ela podia, do meu jeito, ser feita via celular e e-mail. Consegui as respostas que queria, estava pronto. Oquei, de volta à esbórnia. O cara estava do meu lado e eu vi nos seus olhos o brilho estúpido que eu tive, pela primeira vez, quando vi que a Renata, a menina mais linda de todas da escola, olhou para mim na missa (por conta disso alimentei uma paixão de seis meses e, é claro, ela não queria nada comigo, deve ter olhado para a espinha do tamanho de um beijinho que brotara no meio da minha testa). Otário, resolveu se apaixonar no campo de batalha das relações etéreas e superficiais, onde o beijo é artilharia e ninguém se esconde nas trincheiras.

Bom, frise-se que era uma bela loira, provavelmente dessas para quem Bell Marques é pastor o axé é catártico, mas uma bela loira. Olharam-se – alguém apertou o “mudo” do mundo enquanto 3 mil jovens de classe média e média alta se entorpeciam e se lambiam apertando com a maior força da galáxia o botão do F – trocaram um longo, tenro, apaixonante beijo. No final, o italianinho continuava olhando a garota, que logo foi puxada por uma amiga eufórica e desapareceu na multidão. E foi aí que me surpreendi. Quando achei que o mané ia ficar deprimido ou coisa e tal, ele voltou a pular e, dois minutos depois, olhou com a mesma cara de Coldplay para outra loira. Aí lembrei que era 2005 e que esta é a minha geração. A espiral roxa de um lança-perfume, a paixão que dura a vida de um protozoário. Efêmero. Instantâneo. Já. Triste.

Juiz de Fora, outubro 2005

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Ecdise

Engraçado como o mundo aqui é tão louco que até esquecemos que estamos quatro metros abaixo do nível do mar. Que mulheres espetaculares, pernas brancas do tamanho de prédios, roupas da puta que você queria para o resto da vida, bundas perfeitas. Tudo era felicidade, mesmo a comida gordurosa e os banheiros públicos pagos. Não importava, finalmente estava livre. Cinco meses.

Naquele dia, não me interessavam os cardápios de maconha indonésia, haxixe africano, tampouco os chás holandeses, os bolos espaciais. Foi com uma bicicleta mais velha que eu e pneus mais finos que a canela de uma aspirante a Mega Models que eu senti, pela primeira vez em quase um semestre, a leveza de ter quitadas todas as minhas dívidas com o Serviço Moral do Cosmos. O pior namorado do mundo, o amigo traidor, o filho ingrato, o irmão egoísta, o colega vil, o aluno vingativo largou os braços do guidão e, cheio de vento na cara, sorriu, agradecido. Era o gosto da liberdade saudável.

Amsterdã, janeiro de 2005

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

sonhos bizarros do dia V

Já havia deixado a luta tinha anos, mas eles quiseram porque quiseram que os liderasse mais uma vez. As circunstâncias eram boas, teriam grandes chances de vencer. E assim, do nada, voltei à batalha. A república de Joselinas, uma ex-colônia portuguesa no Cáucaso, via em mim o herói que a removeria da sombra opressora do pós-comunismo soviético e a colocaria no rumo do progresso graças à vaga na União Européia que lhe era prometida havia anos.

Pois bem, nunca me vi tão carismático e eloqüente em público. Fácil, fácil, pus as massas na minha mão e as conduzi à revolução. Mas foi só quando vi as primeiras mortes, as decepções iniciais, as derrotas, a dor, as janelas quebradas e os pneus queimados, as mães chorando e os homens sangrando, que percebi onde estava me metendo. Aceitei o convite de encabeçar uma reviravolta nacional por um motivo desconhecido à toda a população. Eu estava me lixando para eles, seus prédios baixos, gente cinza e carros quadrados. Só queria me tornar um líder revolucionário para impressionar aquela ingrata, que não queria mais me ver nem pintado, nem esculpido. E nem sei se ela iria curtir um anti-Che do século 21. Pensei que seria uma boa idéia, fazer uma coisa que valesse a pena - nem que fosse só por uma garota.

Levei uma nação à guerra por uma paixão que eu não tinha idéia aonde ia me levar. O amor é muito egoísta mesmo.