terça-feira, 5 de maio de 2009

Nerudão e o pé, Neruda e o pão

Quando não posso contemplar
o teu rosto,
Contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
A duplicada púrpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram voo,
A larga boca de fruta
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

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