Era uma cozinha de azulejos brancos (alguns levemente encardidos, outros trincados) até metade da parede, com uma porta para o quintal, a grama tão alta quanto o cabelo do moleque que enrolou duas semanas para cortá-lo. Na porta da geladeira, tão velha quanto aquela casinha de interior, um gatinho preto, do tamanho de uma mão, com uma cabeça grande e desproporcional. Um Hello Kitty freak show. Miava e ronronava, seria fofo não fossem aqueles dois tocos em seu lombo. O que achei ser um par de asas mal formadas eram, na verdade, patas traseiras inutilizadas. Órgãos vestigiais ou uma ecdise mamífera preguiçosa. Não serviam para nada, apenas como saias horrendas das patas normais.
Fecho a geladeira e há pequenos cachorros, iguais ao gatinho. Devia ser uma nova promoção do McDonald's das trevas, aqueles montes de cachorrinhos e gatinhos, lindinhos e bisonhinhos, feinhos de dó, frágeis e miseráveis. Não me espantaria se fossem anencéfalos. Proliferavam-se como gremlins.
Fui até a sala. Ao voltar, só havia um cãozinho. Os outros sumiram e o gatinho preto havia sido degolado por um falcão, que bebera seu sangue até arrotar, abandonando o corpo deformado do animal como uma lata vazia e amassada. Cuidei do cachorro. Gostava dele, afinal.
sexta-feira, 27 de julho de 2007
sonho bizarro do dia
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