sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Luto pelo Litro

Pó, canos soltos, ladrilhos quebrados, reboco, fios enrolados e um excesso de vazios, escuros e ocos. Foi o que eu vi pela janela suja e trancada daquele que foi o palco das fofocas inesquecíveis, das piadas de dia seguinte e da maionese verde.

Nenhum de nós começou a namorar no Litro. Mas era lá que a gente sabia de quem gostava de verdade. Ninguém se agarrou nos banheiros sem trinco, mas era naquelas mesas tortas de madeira que revelávamos os mais pervertidos feitos e, principalmente, os não-feitos. Ou, mais ainda, os feitos e desfeitos e defeitos dos outros e do resto do mundo.

Era a Roberta que enfiava cerveja goela (güela?) abaixo, era a estupenda música brasileira que fazia cócegas no esôfago ali, na esquina da Sumidouro com a Ferreira de Araújo.

O Litro era boteco que queria ser bar. Foi embora sem se despedir. Seus clientes mais apaixonados não eram mais universitários. Mas lá voltavam a ser, naquela terra de ninguém em que sotaques gaúchos e capixabas, cariocas e mineiros, paulistanos e, vá lá, paranaenses se misturavam ao sal da batata frita que caía no colo. Uma balbúrdia sem fim, que não respeitava os limites impostos pela corda do host de cabelo oxigenado em dias de pagode.

Eu gostava de voltar a pé do Litro. Voltava feliz e com o bolso ainda cheio.

Continuamos aqui, bebendo na esquina. Até descobrirmos nosso próximo Bar.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

fonte de renda


Brothers, contem com a ajuda desta boa alma. Abram seus corações a ele e lhe paguem uma cerveja gelada.

Ulça

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

...

Idiôta. Está com a síndrome de Valentina Karan....

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Filosofia Ulça

Dia desses uma discípula Ulça veio me consultar, ao que tivemos uma proveitosa conversa, nesses comunicadores virtuais que nos engolem a ponto de não ligarmos mais por falar mais com os dedos do que com a língua. Enfim, a quem ainda é iniciante em minha sábia sabedoria anti-auto-ajuda, a conversa pode elucidar alguns pontos.

- ó mestre, me contai: como alcançaste o çuçeço?
- apegando-me somente ao essencial
- o que é essencial para ti? dinheiro, mulheres e bebida?
- dinheiro eu cortei pq me deprime
- eu cortei pq ele nao chega ate mim
- mulheres e bebida sempre
- se for uma mulher especial, como minha senhora, e uma boa bebida melhor ainda
- gosto da versão masculina disso: homens e bebida
- isso, homens e bebida: foco nisso. Enquanto não achar o seu Homem, divirta-se.
- incluiria comida tb
- comida tb
- mesa de bar resumiria tudo: tem comida, tem bebida e tem alcool
- mas equilíbrio sempre. harmonia
- existe a Bola de Neve Church, ne?
- eu já fundei a minha. vc pode se tornar mais uma fiel Ulça. temos comunidade no orkut
- posso ser fiel a 2 igrejas simultaneamente?
- sim, não temos preconceito e somos ecumênicos
- o que prega sua igreja?
- Cultuamos o deus Sol, como os antigos faziam, mas de um jeito diferente. Precisamos estar embriagados por qualquer substância que te traga felicidade e vicie pouco
- mas o deus sol so aparece durante o dia, e, pelo que vejo, vcs oram mais pela noite.....
- O Sol nos ilumina e deixa felizes. Quando brilha em excesso, é tempo da Crescente Fértil, a mágica era entre fins de novembro e Carnaval, aka VERÃO
- como fica isso?
- aí é que está: o sol, em tempos amenos, abençoa-nos com invernos frescos e tardes de moletom, o que nos leva a vinho e destilados e queijos e molhos. à noite, o culto é preparado pela formosa Lua, que tão bela alumia os olhos
- e o frio faz nos aproximarmos mais do sexo oposto, pelko conforto que isso nos proporciona. (eu pelo menos me aproximo do sexo oposto. Mas todos sao livres para se aproximar de quem quiser)
- (isso, vc está pegando a doutrina) A Lua refresca e inspira para o grande clímax, que é o nascer do Sol, nossa eucaristia fútil. Entramos em êxtase e celebramos a vida, lembrando, mais uma vez, como ela é fenomenal e como somos abençoados. Felizes, contagiamos as pessoas ao lado, que terão dias mais contentes ao nos ver. Isso é ulça. Beijar o céu como se ele fosse o homem da sua vida, mesmo que só por hoje.
- já temos uma biblia ou algo parecido para os Ulça?
- ainda não, mas penso em escrever
- ninguem escreveria como vc, mestre Ulça. (ta bom, talvez o Gustavo tb)
- Gustavo ainda tem muito a aprender neste quesito. ele guarda mágoas que precisam ser liberadas, sinto isso
- qual a bebida oficial da igreja? ou seria seita> parece mais de loucos
- cerveja, sempre, pq é a bebida da felicidade
- gosto dela. qualquer cerveja? De Nova Schin a Boehmia?
- respeitamos os gostos de cada fiel, mas pregamos pela excelência. Vinho é sabedoria, champanhe é sexo, destilados são loucura. todos fazem parte, mas o elo central é a cerveja. Por experiência própria, a qualidade e o nível das conversas são proporcionais aos do álcool ingerido. Quando tomei Nova Schin falava de axé. Duvel me fez questionar a pequenez da Terra
- gostei dos ensinamentos. a esta hora da manha, ainda nao estamos preparados a todos os ensinamentos que Ulça proporciona - e Brahma, o que proporciona?
- não reparei. mas coisas boas, cotidianas
- hum;........ e quando ingerimos caipira de 51?
- a vida é mais doce quando é de açúcar
- e o sensacional rum cubano? (sem açucar)
- pés na areia são mais felizes

Ulça.


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Algumas coisas não têm por que existir. Chuchu, mosquitos, cerveja sem álcool e Jennifer Lopez são bons exemplos.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Sonhos bizarros do dia II

- Desculpa, cara, acho que exagerei. Não foi legal ter arrancado sua cabeça e depois chutado ela pro jardim.
- Tudo bem, já cresceu outra de volta. Mas eu só quero saber quem é que vai pagar os R$ 40 para eu recuperar minha memória. Não se faz back up assim, de graça.

***************************************(curral)

"Nunca imaginei que estaria de volta a Varadero em seis meses. Que pessoas horríveis, em que diabo de inferno farofeiro estou? Mas também, o que eu tô fazendo nesse parque aquático!? 'Jerusalém 5 d.C.', onde já se viu tema mais insano pra um parque aquático!? Pessoas despencando de quedas d'água de 15 metros de altura, montadas em toras, sem nenhuma proteção. Todos de túnicas. Todos barbudos. Filisteus e comunistas? Vamos bien..."

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

As mentiras que os homens contam


"No inverno todo mundo fica mais chique."

PNC! A regra é clara, boçal: quem se veste mal não escolhe estação pra ser jeca. É brega o ano todo. Seja usando esmalte de estrelinha vermelha com havaiana branca encardida e pelanca caindo do biquíni, seja de bota Ramarim, cachecol verde-limão e agasalho de nylon azul-bebê.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Resenhas de uma linha só II

Aproveitei a semana em que o cinema cabeçudo perdeu Michelangelo Antonioni e Ingmar Bergman para prestar minha homenagem à mais completa arte do século 20. Fui ver Harry Potter e Transformers no cinemão.

Harry Potter e a Ordem da Fênix é mais um exemplo de que, sim, filmes podem ser melhores que seus respectivos livros - mesmo que isso não digue lá muita coisa.

Transformers é a democratização nerd de Velozes e Furiosos: Colecionadores de bugigangas podem gostar tanto de carros quanto pitboys de corrente no pescoço - ainda mais se o possante virar um robô gigante.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Devaneios pé-de-serra

Outra das tantas noites fugazes e insólitas, tratei de observar as pessoas, como ajo quando não tenho muito o que fazer ou quando me sinto um desbravador de gentes, um bandeirante flaneur - ou seja, quase sempre. Ainda mais naquele forró em que me sentia confortavelmente um etê.

E esse garoto me chamou a atenção por três segundos. Três aparentemente insignificantes segundos. Mas era tempo de uma vida.

No primeiro, estava parado, assim como eu, mas olhando sem foco para algum ponto em Andrômeda ou para um anjo que passava flutuando em morangos. O rapaz parecia feliz, mas não pleno. Faltava-lhe. Era uma grande e redonda e gelada e vistosa bola de sorvete. Isolada numa tigela igualmente branca que a deixava ainda mais desejável e fragilmente protegida.

No segundo momento, ela chegou. Minutos preciosos gastos na fila de um banheiro de clube de interior. Uma intensa lua crescente brilhou no rosto dele, refletindo o sorriso puro que a garota lhe acenara.

No terceiro segundo dessa cena que não sei por que me marcou a noite a ponto de a estar passando para o papel, a bola de sorvete foi embebida e coberta inteiramente por uma grossa, marrom, cheirosa, quente como sauna calda de chocolate.

Derreteram-se.

Chapada dos Veadeiros, Abril 2007