terça-feira, 9 de agosto de 2011

vodca salva

trechos de O Assassinato e Outras Histórias, de Anton Tchekhov. Delicado, melancólico e bruto para mostrar o dia a dia dos russos simples de cem anos atrás, distantes da aristocracia da cidade grande

"E, fatigado com sua felicidade, pegou no sono logo em seguida e ficou sorrindo até de manhã." (O Professor de Letras)

"O que acontecia na aldeia lhe parecia detestável e a fazia sofrer. No dia de Santo Elias, beberam; na Assunção, beberam; no Dia da Exaltação da Cruz, beberam. Na festa do manto da Virgem, era feriado paroquial em Jukovo e por esse motivo os mujiques beberam durante três dias; consumiram em bebida 50 rublos do fundo comunal e depois ainda foram em todas as casas pedir dinheiro para comprar vodca." (Os Mujiques)

"Da noite para o dia, tudo se acalmou. Quando se levantaram e olharam pela janela, os salgueiros desfolhados, com os galhos ligeiramente curvados para baixo, mantinham-se absolutamente imóveis, o tempo estava nublado, sereno, como se a natureza agora estivesse envergonhada de sua orgia, das loucuras da noite e das liberdades que havia concedido às suas paixões." (Em Serviço)

"Um touro pardo mugiu, regozijando-se com a liberdade, e escavou a terra com as patas da frente. Em toda parte, acima e abaixo, as cotovias cantavam. Anissim voltou o olhar para a igreja, de formas harmoniosas, toda caiada - haviam acabado de caiar de novo o prédio -, e lembrou que, cinco dias antes, rezara ali; olhou para trás e viu a escola, com o seu telhado verde, junto ao riacho, onde tempos atrás ele tomava banho e pescava com linha, e a alegria fez tremer seu peito, Anissim desejou que de repente subisse da terra um muro e não o deixasse ir adiante, para que ele ficasse apenas com seu passado." (No Fundo do Barranco)

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