quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

non grata?

Você é suspeito. Não sabe de que, mas é. Melhor correr. Fugir do ginásio de basquete, pela mesma porta usada pra entrar. A bicicleta vietnamina não estava mais lá, e a outra disponível estava acorrentada. Usou-a mesmo assim e, claro, não deu certo. Correu. Correu um pouco mais. Parou numa arquibancada, quando aquele cara gente boa, mas que você nunca soube o nome direito, te deixa com a culpa amarga e infinita das amizades mal aproveitadas. "Eles estão vindo atrás de você, já era, foge agora". Agradecido, corre mais e se esgueira por entre arbustos, após, por instinto, entrar à direita, num terreno baldio, e se encolher atrás de um cupinzeiro, por sua vez atrás de um Corcel que já fora vermelho, mas que agora é só poeira.

Pelo reflexo da calota, que mesmo empoeirada mantinha um orgulhoso reflexo, você vê um corpo se aproximando pela esquerda. Uma velha, de pantufas e vestido de bolinha, com uma espingarda-boca-de-sino do Urtigão apontada em sua nuca. Já era.

O esquadrão que o caçava chega em poucos segundos, e a surpresa triste é ver, dentre os mercenários, dois amigos de infância, irmãos de sangue (entre eles) e de bar (entre vocês). Fuzis AR mirados na sua testa. É o fim.

Você é levado pelos dois e mais outros dois desconhecidos a uma casinha abandonada - aquele mix simpático de sala de tortura com cativeiro de selva colombiana. Revoltado, diz que se sente traído e que o motivo por estar sendo perseguido nem importava mais. Parte para cima, derruba um, deixa outro desgovernado, enforca o outro até que, sufocando, ele confessa: "você ainda não percebeu?" Que vocês são uns feladaputa que querem me matar sem eu nem saber por quê? "Não, mané, se liga:"

O irmão que havia escapado de seus golpes desesperados abre a porta e nocauteia o guarda a postos do lado de fora. Volta e diz que é a hora. Você foge, ainda sem saber o motivo, mas feliz.



sangue. honra. fidelidade. força. e um tiquinho assim de malemolência. é isso.

Um comentário:

Vi disse...

Confesso que fiquei com preguiça de ler o post todo (preciso repensar a extensão dos meus.rs), mas pelos trechos que li parece Kafka, mais precisamente o Processo!


vai sonhar exótico assim lá em Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraiba Nova, hein?! ;-)

Feliz Livro, com sonhos de brinde, novo!